Ministério da Saúde amplia vacinação contra Hepatite A para usuários de PrEP
Meta é vacinar 80% dos mais de 120 mil usuários da PrEP no Brasil, com esquema de duas doses: a primeira para controle de surtos e a segunda para proteção prolongada
Após o aumento significativo da transmissão sexual de hepatite A entre homens, o Ministério da Saúde (MS) resolveu ampliar a vacinação entre adultos, especialmente usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), medicamento utilizado na prevenção ao HIV.
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A meta é vacinar 80% dos mais de 120 mil usuários da PrEP no Brasil, com esquema de duas doses, a primeira para controle de surtos e a segunda para proteção duradoura.
Mais de 2 mil casos de hepatite A foram registrados em 2023
A hepatite A é uma inflamação no fígado causada por uma infecção viral, que pode resultar em complicações. A doença tende a ter mais gravidade em adultos do que em crianças.
Embora a principal transmissão do vírus seja fecal-oral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou, em 2016, um aumento no número de casos, mesmo em países com baixa endemicidade da doença, relacionado a práticas sexuais.
Conforme o MS, em 2023 foram registrados 2.081 casos de hepatite A foram registrados no Brasil. Cerca de 90% dos casos ocorreram em adultos, 70% desses foram em pacientes do sexo masculino.
No Nordeste, foram registrados 140 casos. Sendo 87 em homens e 53 em mulheres.
Um surto foi registrado em Curitiba no ano passado, contabilizando 315 casos e cinco óbitos.
O coordenador médico do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), João Renato Rebello Pinho, destaca que os números de casos reforçam que a doença não é mais restrita às crianças.
“E reforçam a necessidade de estratégias combinadas: vacinação ampliada e o uso criterioso dos exames laboratoriais para detectar casos ativos e avaliar a imunidade da população”, disse em nota enviada à imprensa.
Além da imunização — que é fundamental para evitar surtos —, a vigilância contínua com exames laboratoriais se faz essencial para a detecção precoce da doença, especialmente em quadros assintomáticos ou leves.
A hepatite A é classicamente associada a saneamento básico e higiene pessoal, porém, conforme João Renato, estamos diante de uma nova dinâmica, com transmissão sexual significativa.
“A ampliação da vacinação é acertada, mas é crucial que os médicos também solicitem exames sorológicos adequados, tanto para diagnóstico da infecção aguda quanto para avaliação da imunidade adquirida, seja por vacinação ou infecção prévia”.
Ele acrescenta que, como a maioria das infecções é silenciosa no início, a análise laboratorial detalhada permite não só identificar casos e conter surtos, mas também diferenciar dos outros tipos virais da doença, o que é "essencial para orientar o tratamento e evitar complicações".
Testes complementares para hepatite B e C
Desde 2014, a vacina contra a hepatite A integra o calendário infantil no SUS, com dose única recomendada aos 15 meses de idade.
A iniciativa levou à queda acentuada dos casos, mas a atual reemergência entre adultos evidencia a necessidade de estratégias complementares e vigilância ativa. Confira abaixo os exames que podem ser realizados para identificar hepatite B e C:
- Hepatite B: Testes para antígenos (HBsAg, HBeAg) e anticorpos (Anti-HBc IgM/IgG, Anti-HBe, Anti-HBs) ajudam a determinar o estágio da infecção e a resposta vacinal. A carga viral é usada para monitoramento e manejo clínico.
- Hepatite C: A triagem começa com o anti-HCV; se positivo, a carga viral é fundamental para confirmar infecção ativa.
A imunização infantil permanece essencial.
Além da vacinação, práticas de sexo seguro, saneamento básico e higiene pessoal continuam sendo essenciais na prevenção da hepatite A e de outras hepatites virais.