Hanseníase: casos caem 40%, mas redução pode significar baixa procura por testes

Exame presencial é essencial para um diagnóstico preciso da doença

As notificações de casos de hanseníase no Brasil apresentaram redução entre 30% a 40%. No entanto, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a diminuição pode refletir a baixa procura por atendimentos especializados, causada pelo período de pandemia. Segundo a entidade, a eventual procura por diagnósticos pode, futuramente, sobrecarregar os serviços de saúde.

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Segundo Heitor Gonçalves, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, por vários motivos, as pessoas não puderam ou não quiseram sair de casa no período da pandemia. Isso implicaria na redução do número de testagens para a doença. "As pessoas também, quando saíram de casa, encontraram as portas dos serviços (de saúde) não abertas, mas semi abertas ou fechadas, no ponto de vista de dificuldade para o acesso aos serviços de saúde. Tudo isso dificultou muito o diagnóstico da hanseníase", explicou o especialista.

A hanseníase é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. O principal sintoma consiste em manchas mais claras que o tom de pele normal do infectado. Além disso, essas lesões apresentam alterações de sensibilidade, tornando difícil a diferenciação do quente e do frio, por exemplo, nas áreas afetadas. A enfermidade pode, ainda, apresentar lesões com inchaços.

Historicamente, quando ainda era conhecida como Lepra, a hanseníase foi muito estigmatizada por seu suposto potencial de transmissão. Segundo Heitor Gonçalves, no entanto, mesmo sem tratamento, cerca de apenas 50% dos infectados transmitem a bactéria. "Quando começa a tratar, com 15 a 20 dias, ninguém transmite mais a doença. Então não tem por que essa segregação de pacientes com hanseníase sem tratamento e, muito menos, pacientes em tratamento", esclarece.

Segundo o especialista, a diminuição pela procura de testes e, por consequência, o tratamento da hanseníase é preocupante. "Essa metade (dos infectados) que estão sem se tratar deve estar transmitindo. Então, no futuro, é provável termos uma recarga muito grande de procura nos serviços de saúde", declara Heitor Gonçalves.

Durante a Pandemia, a oferta de serviços de telemedicina se popularizaram. O médico, contudo, menciona que a certeza da infecção é comprometida sem um exame presencial. "O diagnóstico da hanseníase é realizado através do teste de sensibilidade térmica. Durante o procedimento são colocados tubos de ensaio, um quente e o outro frio, na lesão do paciente. Assim, é verificado se o paciente percebe a diferença entre os estímulos. Esse teste não pode ser realizado por telemedicina", explica o dermatologista.

Segundo Heitor Gonçalves, em casos de suspeita da doença, a população pode procurar as Unidades Básicas de Saúde. Assim, caso seja confirmado o diagnóstico, os pacientes podem ser encaminhados para centrais de referência no tratamento da doença no Estado.

 
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