O que é o câncer de peritônio, doença que matou o filho do rei Roberto Carlos

Dudu Braga, 52, morreu na última quarta-feira, 8, em decorrência da doença a qual enfrentava desde setembro do ano passado

22:30 | Set. 12, 2021

Dudu Braga morreu nesta quarta-feira, 8, aos 52 anos, vítima de um câncer no peritônio (foto: Reprodução/Instagram)

O produtor musical e radialista Dudu Braga, filho do cantor Roberto Carlos, morreu na última quarta-feira, 8 de setembro, aos 52 anos. A causa da morte foi um câncer no peritônio, um tecido que envolve os órgãos abdominais.

Para entender como o câncer de peritônio surgiu e progrediu, chegando a um estágio mais sério, é preciso ter conhecimento do histórico médico do artista. O tumor no peritônio foi descoberto ano passado (2020) e, desde então, Dudu foi internado diversas vezes para realizar o tratamento com quimioterapia e cirurgia. O produtor já havia tido outro tipo de câncer no passado, como dois cânceres no pâncreas.

O POVO conversou com o professor e doutor em oncologia Markus Andret Gifoni, que faz parte do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), para explicar conceitos mais técnicos sobre o câncer (em geral) e sobre o câncer especificamente no peritônio.

O POVO - De um modo geral, como podemos definir câncer?

Markus - O câncer é um grupo muito heterogêneo de doenças que ocorre por uma perda do controle de crescimento de um grupo de células em um órgão do nosso corpo. As células acometidas passam a se dividir e espalhar sem controle causando problemas para o organismo.

OP - Como se origina o câncer no peritônio?

Markus - O câncer no peritônio pode ser de origem nas próprias células deste tecido (menos comum - menos de 5% dos casos) ou ser causado por células originárias de outros órgãos (mais frequente - acima de 95% dos casos) como pâncreas, estômago, ovário ou intestino.

Nesse caso, o peritônio passa a ser um local das metástases (formação de novo tumor a partir de outro) destes tumores que são originários de outros órgãos.

OP - E esse tipo de “transferência” de tumores é algo comum?

Markus - Sim, nesses casos, muitas vezes o que ocorre é o surgimento de novos tumores cuja origem é semelhante a dos tumores que foram eliminados anteriormente. As células no peritônio podem ter origem no tumor do pâncreas que o paciente tratou anos atrás.

Pode ocorrer também (mais raramente) o aparecimento de um outro tumor primário (no novo órgão) sem qualquer relação com o tumor tratado anteriormente. Esse segundo caso deve garantir a investigação de uma predisposição hereditária (principalmente se os tumores ocorrerem com mais frequência na mesma família).

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Principais sintomas do câncer no peritônio:

  • Inchaço do abdômen;
  • Dor abdominal;
  • Prisão de ventre ou diarreia;
  • Cansaço e mal-estar geral;
  • Falta de apetite;
  • Dificuldade na digestão dos alimentos;
  • Perda de peso sem causa aparente.