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Saiba como se prevenir e onde tratar o câncer de próstata em Fortaleza

Especialista explica sintomas, tratamento e importância de um diagnóstico precoce. O POVO listou locais com tratamento gratuito na Capital
14:24 | Nov. 05, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

É um câncer silencioso e agressivo, por isso a importância de manter rotina de exames preventivos a partir dos 50 anos. Qualquer sinal de sintomas pode indicar que a doença está avançada. Estamos falando do câncer de próstata, segundo tipo de câncer que mais afeta pessoas com próstata, que é uma glândula localizada na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso).

A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual. O câncer de próstata acontece quando há mutações nas células que compõem essa glândula. Essas alterações provocam anomalias, que começam ainda na próstata, mas podem se espalhar por outras partes do corpo.

O oncologista clínico Aurillo Rocha alerta para uma dica extremamente importante na prevenção do câncer de próstata: exames preventivos. A partir dos 50 anos de idade, é essencial que esse acompanhamento seja feito. Por se tratar de um câncer silencioso, dificilmente apresenta sintomas e, quando se está nessa fase, pode significar que a doença está avançada, o que dificulta a cura do paciente.

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"A questão é diagnosticar precocemente, acabar com esse tabu masculino de não ir para o consultório. A medida que a pessoa fica mais velha a tendência é que tenha alteração na próstata. Podem ser alterações benignas. São exceções que causam o câncer", explica Aurillo. Infelizmente, essa exceção é bastante comum e no Ceará, somente neste ano, 471 pessoas morreram vítimas da doença, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado. Em 2019 foram 657 mortes.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais do que qualquer outro tipo o câncer de próstata é considerado um câncer da terceira idade. Cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. "O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do País e pelo aumento na expectativa de vida", diz órgão em cartilha.

Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde da pessoa. No Brasil, a estimativa é de 65.840 novos casos, conforme dados do INCA. No Ceará, esse número chega a 3.500. Aurillo Rocha conta que pode ser até maior, já que alguns diagnósticos podem ser confundidos com outros problemas de saúde, como infecção urinária. Por isso, e exame do toque retal é essencial, pois ele consegue detectar o câncer com mais certeza. "O segundo tipo de diagnóstico é o PSA, um exame de sangue. Ele não detecta o câncer, mas faz um alerta", reforça o médico.

O Inca destaca: nenhum dos dois exames têm 100% de precisão. Por isso, podem ser necessários exames complementares. A biópsia é o único procedimento capaz de confirmar o câncer. Nesse procedimento, há a retirada de amostras de tecido da glândula para análise, que é feita com auxílio da ultrassonografia. Pode haver desconforto e presença de sangue na urina ou no sêmen nos dias seguintes ao procedimento, e há risco de infecção, o que é resolvido com o uso de antibióticos.

Outros exames de imagem também podem ser solicitados, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea (para verificar se os ossos foram atingidos).

> Entenda os dois tipos de diagnóstico:

1. Dosagem de PSA: exame de sangue que avalia a quantidade do antígeno prostático específico.


2. Toque retal: como a glândula fica em frente ao reto, o exame permite ao médico palpar a próstata e perceber se há nódulos (caroços) ou tecidos endurecidos (possível estágio inicial da doença). O toque é feito com o dedo protegido por luva lubrificada. É rápido e indolor, apesar de alguns homens relatarem incômodo e terem enorme resistência em realizar o exame.

Como é o tratamento?

 

O oncologista Aurillo Rocha traz uma boa notícia: hoje, o tratamento do câncer de próstata é mais moderno e menos tóxicos para pacientes, priorizando a qualidade de vida e a importância de tentar manter uma rotina de vida normal mesmo com a doença. "O tratamento hoje é mais adequado porque ele é multidisciplinar. Essa abordagem é muito mais eficaz, porque envolvem outros médicos como nutricionistas, psicólogos", ressalta Rocha.

Conforme Instituo do Câncer (Inca), para doença localizada (que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos), cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para doença metastática (quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.

A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um. "O diagnóstico do câncer é agressivo. É uma doença que a família também adoece junto. Mas, sim, tem cura", encerra Aurillo Rocha.

> Tratamento em Fortaleza:

O primeiro passo para iniciar o tratamento do câncer de próstata é passar pela Atenção Primária. Os exames podem ser feitos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os postos de saúde da Capital e também policlínicas.

Já o tratamento final pode ser realizado (também de forma gratuita) nos seguintes locais: Hospital Geral de Fortaleza (GHF), Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio) e Instituto do Câncer do Ceará (ICC).


Veja alguns sinais e sintomas:

Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.

Conforme Ministério da Saúde, alguns fatores de risco podem aumentar chance do câncer aparecer:

1. A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.

2. Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.

3. Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado.

4. Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.

Novembro Azul

 

A psicóloga Mariana Teófilo comenta a importância do Novembro Azul, mês de conscientização sobre prevenção e cuidados com câncer de próstata. Para a profissional, o contexto que envolve a saúde de homens muitas vezes é marcado pela falta de autocuidado, ideia de que eles não estão vulneráveis a contextos adversos, o que resulta baixa em uma procura por atendimentos. "Esses elementos se configuram como um dos principais desafios para o cuidado à essa população, considerando as doenças crônicas como maior vulnerabilidade. Então, o Novembro Azul tem intuito de nos atentar à prevenção", conta Mariana.

O Novembro Azul procura justamente alertar para importância do autocuidado. Por isso, manter hábitos saudáveis, procurar atendimento médico com frequência, ter uma alimentação adequada e não deixar a carteira de vacinação de lado são precauções que podem prolongar a vida desse público.

> Clique aqui e leia a cartilha completa do Instituo do Câncer (Inca) sobre o Novembro Azul

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