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Entenda o que é o câncer de cólon, que causou a morte de Chadwick Boseman, o Pantera Negra

Chadwick lutava contra a doença há quatro anos. O câncer de cólon é uma doença com alta incidência no Brasil
13:29 | Set. 03, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Chadwick Boseman, intérprete do herói Pantera Negra, faleceu aos 43 anos após consequências de um câncer no cólon, com o qual lutava há quatro anos. Sua morte comoveu o mundo. Diversos famosos prestaram homenagem à Chadwick, que deu vida a um personagem importante nos debates raciais.

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A morte do ator também reacendeu outra questão, desta vez de saúde: o que é o câncer de cólon? Quais os sintomas? Como é o tratamento? O POVO explica.

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O câncer de cólon e reto ou colorretal é uma doença do intestino, caracterizada, principalmente, pela aparição de tumores no intestino grosso (cólon) ou no final do intestino, antes do ânus ou no ânus (reto). Conforme o Instituo Nacional do Câncer (Inca), a doença é tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.

O especialista em Cirurgia Oncológica, Diego de Aragão, conta que o câncer de cólon tem um quadro ainda mais grave quando acomete jovens. Ele é mais comum em pessoas com 50 anos ou mais, mas vem crescendo a incidência da doença em adultos mais jovens - o que Diego acredita ter relação com hábitos e síndromes genéticas.

"A maioria dos pacientes é assintomática. Mas quando evolui para sintomas, pode acontecer dores abdominais, sangramento retal ou aparição de um tumor na barriga", explica Diego. Hoje, o especialista trabalha na Santa Casa de Sobral, onde conta atender mais pacientes mulheres, apesar de o câncer ser mais comuns em homens. "As mulheres procuram mais atendimento", aponta Diego. Segundo dados do Inca, estima-se que todo ano surjam 40.990 novos casos da doença no Brasil, sendo 20.520 de homens e 20.470 de mulheres.

A forma mais eficaz de diagnosticar o câncer é fazendo um exame chamado "colonoscopia", que funciona como uma endoscopia, mas feita por via retal. Ele identifica com mais certeza as lesões iniciais. Após diagnóstico, o paciente é levado para um serviço mais especializado, que vai entender qual o estágio da doença e do paciente e qual será o tratamento.

É nesse setor de cirurgia que Diego trabalha em Sobral. Segundo o médico, dependendo do caso, o tratamento cirúrgico é o mais indicado.

Conforme o especialista, a cirurgia pode ser feita de forma tradicional (corte na barriga), por via laparoscópica (quando o médico introduz um aparelho para visualizar a região abordada e faz um corte menos invasivo), ou ainda por via robótica. Esta última ainda é novidade na Medicina brasileira, sendo cara e pouco utilizada. "É importante dizer aos pacientes que nem sempre é necessário ficar com a bolsa de colostomia. Nos tumores de cólon, após a cirurgia, pode ser necessário ou não fazer quimioterapia", sinaliza Diego.

Já para o Ceará, o Inca estima o surgimento de 500 novos casos em homens neste ano e 590 em mulheres. O câncer de cólon e reto é o segundo mais incidente nessas populações, perde apenas para câncer de próstata e mama.

O oncologista do Sistema Hapvida, Alexandre Gomes, explicou ao O POVO a diferença entre o câncer de cólon e o de reto, tema bastante discutido na comunidade médica. "Tem literatura que chama de uma coisa só: colorretal. Outras dividem o reto em reto inferior, médio e superior; sendo o reto superior as mesmas causas e mesmo tratamento que o câncer de cólon", disse Gomes. Ainda segundo o médico, de forma leiga, podemos classificar o câncer de cólon como sendo câncer de cólon retal, tendo as mesmas causas e mesmos tratamentos.

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 Estatísticas

 

Estimativa de novos casos: 40.990, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres (2020 - INCA)

Número de mortes: 19.603; sendo 9.608 homens e 9.995 mulheres (2018 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM).

 O que aumenta o risco?

 

Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação não saudável (ou seja, pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras). O consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana) também aumentam o risco para este tipo de câncer.

História familiar de câncer de intestino, história pessoal de câncer de intestino, ovário, útero ou mama, além de tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas também aumentam o risco.

Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também estão na lista, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC). Pacientes com essas doenças devem ter acompanhamento individualizado.

A exposição ocupacional à radiação ionizante, como aos raios X e gama, pode aumentar o risco para câncer de cólon. Assim, profissionais do ramo da radiologia (industrial e médica) devem estar mais atentos.

 Como prevenir?

 

A manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino. Manter o peso dentro dos limites da normalidade e fazer atividade física, movimentando-se diariamente ou na maior parte da semana, são fatores importantes para a prevenção deste tipo de câncer.

Sinais e sintomas

 

Os sintomas mais frequentemente associados ao câncer do intestino são:

- sangue nas fezes
- alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados)
- dor ou desconforto abdominal
- fraqueza e anemia
- perda de peso sem causa aparente
- alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas)
- massa (tumoração) abdominal


Esses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, e devem ser investigados para seu diagnóstico correto e tratamento especifico. Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.

 Tratamento

 

Conforme Ministério da Saúde (MS), o câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor.

O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.

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