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Malária: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção da doença

A doença tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Entretanto, a ela pode evoluir formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma adequada
12:37 | Ago. 12, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

A atriz Camila Pitanga revelou na última segunda-feira, 10, que ela e sua filha, Antônia, estão com malária. Mas você sabe o que é essa doença? A primeira coisa a se saber é que, felizmente, ela é mais rara no Ceará. Quem explica é Luciano Pamplona, biólogo e docente da pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Segundo Luciano, não é que seja impossível ter casos no Estado, já que o vetor da malária, um mosquito chamado Anopheles, existe no Ceará. Entretanto, "precisamos que uma pessoa infectada venha de fora e que o mosquito entre em contato com essa pessoa infectada", conta. É o que chamam de "casos importados" - mais comuns no Ceará. "A gente dá o diagnóstico aqui, mas o caso vem de fora", explica Pamplona.

A malária tem mais incidência na região Norte do País. Lá, segundo dados do Ministério da Sáude (MS), são registrados pelo menos 300 mil casos por ano. "É uma região endêmica, ou seja, lá se concentram o maior número de casos. A malária é uma das doenças que mais matam e está mais presente em países de regiões tropicais", acrescenta o biólogo da UFC. No entanto, o que impressiona é o fato de que, mesmo com grande mortalidade, a doença quase não é divulgada. "Parece que não existe malária no Brasil. Acredito que isso acontece muito porque a mídia foca mais nas notícias de outras regiões", argumenta. Em 2019, foram resgistrados 157.453 casos no País. Os números são do Ministério da Saúde.

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Segundo MS, toda pessoa pode contrair a malária. Indivíduos que tiveram vários episódios da doença podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma. "Porém, uma imunidade esterilizante, que confere total proteção clínica, até hoje não foi observada. Caso não seja tratado adequadamente, o indivíduo pode ser fonte de infecção por meses ou anos, de acordo com a espécie parasitária", diz manual do ministério.

A doença pode ter uma evolução rápida e grave. Quatro protozoários do gênero Plasmodium provocam a doença, de acordo com estudos da FioCruz: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo o P. vivax e o P. falciparum as espécies predominantes. A transmissão natural da doença se dá pela picada do Anopheles infectados com o Plasmodium.

"Após a picada, os parasitos chegam rapidamente ao fígado onde se multiplicam de forma intensa e veloz. Em seguida, já na corrente sanguínea, invadem os glóbulos vermelhos e, em constante multiplicação, começam a destruí-los. A partir desse momento, aparecem os primeiros sintomas da doença", descreve o estudo.

A doença também pode ser adquirida por meio do contato direto com o sangue de uma pessoa infectada (como por exemplo, em transfusões sanguíneas ou transplante de órgãos ou ainda pelo compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis). Por isso, o MS precisa estabelecer critérios rigorosos na seleção de doadores de sangue e órgãos, para impedir que pessoas sejam infectadas, não só pela malária, mas também por outras doenças como a hepatite e a aids.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da malária são:

> febre alta;
> calafrios;
> tremores;
> sudorese;
> dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica.

Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

Diagnóstico

O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue do paciente, pelos métodos diagnósticos especificados a seguir:

> Gota espessa
> Esfregaço delgado
> Testes rápidos
> Técnicas moleculares

"Todos os casos suspeitos de malária devem ser diagnosticados e todos os resultados positivos para malária devem ser tratados imediatamente e adequadamente", alerta Ministério da Saúde.

Complicações

A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e sintomas:

> prostração;
> alteração da consciência;
> dispneia ou hiperventilação;
> convulsões;
> hipotensão arterial ou choque;
> hemorragias;

As gestantes, as crianças e as pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença.

Tratamento

Luciano Pamplona, biólogo e docente da Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), conta que o Ceará pode ficar um pouco mais "tranquilo" em relação à Malária. Mas não se deve descuidar. Segundo ele, o tratamento cedido pelo sistema público de saúde é eficaz. "Há um tratamento padrão disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Acredito que o grande desafio no Norte é o descolamento, acesso ao médico. Mas o sistema de saúde está preparado", aponta Luciano. Ele continua: "Aqui em Fortaleza, o Hospital São José (HSJ), por exemplo, dispõe de tratamento".

Após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos. Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.

O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.

A atriz Camila Pitanga fez todo seu tratamento pelo sistema público de saúde. Na postagem em seu Instagram, ela aproveitou para agradecer a equipe e salientar a importância da saúde pública, especialmente no contexto da pandemia de coronavírus: "Estamos num país onde uma doença matou mais de 100 mil pessoas em poucos meses. Esse número poderia ser o triplo ou mais se não fosse o SUS", disse.

Quando realizado de maneira correta e em tempo oportuno, o tratamento garante a cura da doença.

Como prevenir a malária?

Entre as principais medidas de prevenção da malária, apontadas pelo Ministério da Sáude (MS) e FioCruz, estão:

> Medidas individuais:

- uso de mosquiteiros;
- roupas que protejam pernas e braços;
- telas em portas e janelas;
- uso de repelentes.

> Medidas Coletivas:

- borrifação intradomiciliar;
- uso de mosquiteiros;
drenagem;
- pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
- aterro;
- limpeza das margens dos criadouros;
- modificação do fluxo da água;
- controle da vegetação aquática;
- melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
- uso racional da terra.

"Não existe vacina contra a malária. Algumas substâncias capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e estudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios para a implantação da vacinação", alerta o MS.

Outras informações sobre a Malária

A doença está fortemente associada à pobreza. A estimativa de mortalidade é maior em países com menor PIB per capita. Países com uma maior proporção de sua população vivendo na pobreza possuem as maiores taxas de mortalidade por malária. No Brasil, em 2019, 80% dos casos ocorreram em áreas rurais ou indígenas e outros 11% dos casos ocorreram em áreas de garimpo ou assentamentos, que são áreas prioritárias para malária por serem altamente receptivas, conforme o Ministério da Saúde.

Importante saber que não existe vacina contra a malária. Material de divulgação sobre malária da Fiocruz
Importante saber que não existe vacina contra a malária. Material de divulgação sobre malária da Fiocruz (Foto: Reprodução/FioCruz)

> Veja aqui o manual completo sobre a Malária feito pela FioCruz. 

 

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