Psol diverge sobre aliança com Elmano após lançar pré-candidatura ao Governo do Ceará
Parlamentares do Psol afirmam haver consenso pela necessidade de lançar nome próprio ao governo; mas corrente interna defende pactuação para evitar risco de fragmentação do campo progressista
Com a pré-candidatura de Jarir Pereira (Psol) ao Governo do Ceará, o Psol pretende emplacar uma chapa individual para as eleições de 2026. Em divergência, a secretária da Juventude do Governo Elmano, Adelita Monteiro (Psol) divulgou posicionamento do grupo Primavera Socialista, tendência interna do Psol, afirmando que “a fragmentação do campo progressista pode abrir espaço para o fortalecimento de projetos políticos que não representam os interesses das classes trabalhadoras”.
Declaração de Adelita ocorreu nesta segunda-feira, 22, dois dias após o anúncio da pré-candidatura de Jarir.
Apesar de ocupar cargos na gestão federal e estadual, o partido enfrenta divergências referentes ao apoio à reeleição de Elmano de Freitas (PT) em 2026. Ainda no posicionamento, o grupo que Adelita faz parte defende“a construção da unidade do campo progressista no Ceará desde o primeiro turno, em torno de uma candidatura ao Governo do Estado que represente a melhor condição política para derrotar a extrema-direita e os setores conservadores aliados ao centrão”.
Segundo a nota, o grupo pretende priorizar o fortalecimento das chapas proporcionais federais, que delibera o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ala inclui, além da secretária, o ex-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Técio Nunes (Psol), hoje coordenador na gestão de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza.
Jarir Pereira afirmou ao O POVO que “precisa dialogar com Elmano sobre algumas medidas que o Psol acha que não é o caminho correto”. “Por exemplo, um dos temas polêmicos e um tema bastante necessário é justamente a crise climática. Esse tema para nós é muito caro, porque o Psol é um partido ecossocialista, que coloca a vida do ser humano e da natureza em primeiro lugar. Então, a questão do Data Center, da própria dispersão aérea de veneno, tudo isso colocamos como algo grave no governo Elmano, mas a nossa candidatura está para combater também a extrema direita, porque ela é negacionista na sua natureza”, argumentou Jarir.
Confira publicação:
O deputado estadual Renato Roseno (Psol) destacou que, internamente, “há enorme concordância com a necessidade de lançar uma candidatura própria”. Já a vereadora Adriana Geronimo (Psol) cravou: “O Psol não apoiará Elmano”.
Sobre as declarações de Adelita, a vereadora Adriana Geronimo comentou que considera “cômoda” a defesa da aliança com o PT. “É cômodo que ela defenda que o Psol apoie o governador Elmano no primeiro turno, porque há outros interesses. Mas para nós isso não é natural”, afirmou a vereadora.
O Psol mantém uma regra onde membros que ocupam cargos no governo não podem compor a direção do partido, garantindo que o partido tenha autonomia.
O vereador Gabriel Biologia (Psol) afirmou que "todas as tendências do Psol e seus parlamentares defendem candidatura própria e não apoiar o Elmano, com excessão de um pequeno grupo que tem duas lideranças, ambas com cargos no PT". A fala faz menção a Técio e Adelita. "Temos diferenças de pensamento. Elmano conseguiu nos surpreender negativamente ao longo de sua gestão. Temos unidade contra a extrema direita nacionalmente, mas por aqui temos que deixar claras as divergências e marcar nossas posições objetivas", apontou.
Candidaturas próprias
O pré-candidato Jarir Pereira destacou ao O POVO que a articulação visa oferecer uma alternativa de esquerda viável para o Senado. Em relação a candidaturas proporcionais, o Psol considera que a chapa do PT no Ceará, que vem articulando alianças com União Brasil e MDB, pode não apresentar candidaturas identificadas com a esquerda.
Em resposta, a legenda discute a possibilidade de lançar nomes como Ailton Lopes e Professora Ana Karina para o Senado, que também foram considerados, ao lado de Jarir, para a pré-candidatura ao governo em 2026.
Para a Câmara dos Deputados, o partido pretende lançar o deputado estadual Renato Roseno, visando eleger o primeiro deputado federal do Psol pelo Ceará e pelo Nordeste. Já para a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), a sigla busca ampliar sua bancada com nomes como o do vereador Gabriel Biologia e da vereadora Adriana Gerônimo.
Nas eleições municipais de 2024, o Psol também lançou candidatura própria na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, com Técio Nunes (Psol), que obteve, aproximadamente, 9 mil votos. Atualmente, ele integra a gestão do prefeito eleito Evandro Leião e atua como titular da Coordenadoria Especial de Políticas Sobre Drogas da Prefeitura de Fortaleza.