Deputado senta na cadeira de Motta em protesto e é retirado à força
Hugo Motta determinou à Polícia Legislativa que fechasse o acesso ao plenário e a TV Câmara interrompeu a transmissão da sessão
O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) foi retirado à força pela Polícia Legislativa depois de sentar na cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e dizer que de lá não iria sair. Houve confusão entre os agentes de segurança do Congresso e políticos governistas.
A imprensa não conseguiu acompanhar a retirada de Glauber, que ocupou a cadeira de Motta por se opor à votação do projeto de lei que diminui as penas de condenados pelos atos de 8 de Janeiro.
Além da retirada de jornalistas do plenário da Câmara, a TV Câmara teve o sinal desligado.
A Câmara dos Deputados suspendeu a sessão deliberativa que estava em curso no período da tarde desta terça-feira, 9, depois da confusão que se formou no plenário.
Glauber Braga protesta contra o processo do qual é alvo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Motta disse mais cedo nesta terça que levará o caso ao plenário nos próximos dias. "Eu vou me manter aqui, firme, até o final dessa história", disse o parlamentar do Psol.
Além do caso de Braga, Hugo Motta indicou que os processos da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), já condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) também serão levados ao plenário.
Nesta terça, a Câmara ainda votará o PL da Dosimetria, um projeto de lei que poderá reduzir a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão pela trama golpista, além de bolsonaristas presos pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
Diante da situação na Casa, Motta determinou à Polícia Legislativa que fechasse o acesso ao plenário, impedindo, inclusive, a atuação da imprensa no local. A TV Câmara também interrompeu a transmissão.
Pelas redes sociais, Hugo Motta afirmou que, ao ocupar a cadeira da Presidência, o deputado federal "desrespeita a própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo". O presidente também determinou a "apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa".
"O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele. Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida", publicou.
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber e que estava ao lado do parlamentar durante a confusão na Câmara, se manifestou pelas redes sociais e considerou a ação como "violência e censura".
"Quando golpistas ocuparam por 48h o plenário da Câmara para chantagear por anistia a golpistas, sobrou docilidade do presidente Hugo Motta, já com um deputado que defendeu a honra da mãe e denunciou o Orçamento Secreto, sobrou violência e censura à imprensa. Inadmissível!", escreveu.
O deputado cearense José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, repudiou a retirada à força de Glauber e avaliou a ação como "inaceitável".