Elmano sobre Ciro e PL: "Imagino o que é ouvir do Flávio que precisa ‘tapar o nariz’ para apoiar"

Governador falou em "profunda contradição" na relação e disse que a oposição tem "pobreza programática"; petista também comentou resultado da pesquisa de intenção de votos

11:44 | Dez. 05, 2025

Por: Marcelo Bloc
Elmano de Freitas em entrevista para O POVO NEWS (foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO)

O governador Elmano de Freitas (PT) afirmou que a oposição não apresenta projeto para o Ceará e disse “não querer estar na pele” do ex-governador Ciro Gomes (PSDB), após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarar que, para se aliar com Ciro no Ceará seria preciso "tapar o nariz”. Declarações ocorreram durante visita ao O POVO, nesta sexta-feira, 5.

O petista comentou os recentes atritos dentro da oposição no Estado, que envolveram afastamentos entre o núcleo bolsonarista e o grupo liderado pelo ex-ministro Ciro Gomes, sem acreditar que seja necessariamente o fim da aliança.

"Eu não sei se foi o fim, primeira coisa. Acho que se revelou apenas a profunda contradição que existe. O que está revelado pelas lideranças é que tem uma contradição de quem a vida inteira atacou tanta gente, e de maneira tão desrespeitosa. E agora eu fico imaginando o que é que significa para o Ciro ouvir do Flávio Bolsonaro que, para apoiar o Ciro, tem que tapar o nariz. Eu não gostaria de estar nessa posição. Ouvir de um bolsonarista que para ele votar em mim, ele tapa o nariz, acho que diz muito o que é que essa aliança expressa", afirmou.

O governador criticou a oposição cearense, apontando que não há propostas concretas para melhorias no Estado. "Não tem projeto nenhum, não tem proposta. A única proposta do grupo que o Ciro hoje representa e do grupo do bolsonarismo no Ceará é: sou contra o PT. Isso é muito pouco para avançar a educação pública do Ceará, melhorar a saúde, gerar emprego", rebateu.

Elmano afirmou não enxergar ideias efetivas nas áreas em que o governo atua, citando como exemplo o debate sobre segurança pública.

"Mesmo na segurança, tirando a frase de efeito, qual é a proposta concreta? Nós vamos fazer isso com a polícia ou nós vamos fazer isso na relação com a Justiça, diferente do que está sendo feito. A não ser insinuar nas entrelinhas que vai autorizar a polícia sair na rua matando todo mundo, quem achar que deve matar. Nós sabemos o que isso representa. Eu tenho a convicção de que vai se revelando uma pobreza programática muito grande de quem não conhece o Estado, não está vendo o Estado”, acrescentou.

Pesquisa: Elmano x Ciro

Questionado sobre a pesquisa Real Time Big Data, divulgada na última quinta-feira, 4, com Elmano e Ciro empatados na liderança da preferência do eleitorado, o governador disse que os números refletem apenas um momento de “simpatia inicial” do eleitorado.

"O eleitor nessa hora não está pensando ainda em quem vai votar. Vai chegar a hora, lá na frente, em que nós vamos ter os candidatos, ter o debate, vamos poder comparar o que cada um fez, o que está fazendo. Por isso que, nesse momento, temos que nos concentrar em entregar, ainda é muito cedo", afirmou.

O petista, porém, não perdeu a chance de provocar a oposição, insinuando que os números não confirmam o discurso sustentado por adversários. "Eu ouvia muito de membros da oposição que, se colocasse o nome de fulano, a eleição estava batida. É um pouquinho diferente", ponderou, observando que a extrema direita cresceu em todo o País, e o Ceará não é exceção.

Segundo ele, o eleitor começará a avaliar o cenário apenas a partir do meio de 2026. "Lá para o meio do ano que vem é que o eleitor começará a avaliar, a comparar. Há que saber como estará a situação nacional, avaliação do presidente Lula, e eu tenho convicção que ela só crescerá até lá. Vamos fazer uma avaliação de como era o Ceará antes de Cid, do Camilo e Elmano e como está o Ceará agora após Cid, Camilo e Elmano. Temos muita coisa para falar, muita coisa para comparar", concluiu.