Michelle diz que pensa diferente de enteados e rejeita Ciro: "Tanto mal causou ao meu marido"
Em nota, ex-primeira-dama afirma que vive "tempos difíceis", diz amar "o marido, a filha e a vida dos enteados" e que seguirá defendendo Jair Bolsonaro
10:39 | Dez. 02, 2025
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) divulgou, na manhã desta terça-feira, 2, uma nova nota de esclarecimento em suas redes sociais. No texto — dividido em quatro stories — Michelle afirma que não responderá manifestações recentes dos enteados e reforça que seguirá defendendo Jair Bolsonaro (PL) “com unhas e dentes”.
A declaração ocorre após ela ter criticado, em Fortaleza, uma aliança política envolvendo o PL Ceará e Ciro Gomes (PSDB), o que gerou reação de parte dos filhos do ex-presidente.
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Críticas diretas a Ciro Gomes
Nos trechos mais duros, Michelle afirma que Ciro Gomes “não é e nunca será de direita”, chamando-o de “perseguidor” e “maledicente contra Bolsonaro”. Ela também argumenta que seria incoerente apoiar “um homem que tanto mal causou” ao ex-presidente.
A ex-primeira-dama retoma o episódio do evento em Fortaleza, dizendo ter percebido entre apoiadores de Bolsonaro “o mesmo desconforto e insatisfação” que sentiu ao ver a aproximação política com Ciro, a quem se referiu como "raposa política". Em ato na Capital cearense, ela repreendeu o deputado federal André Fernandes (PL) pela aliança que chamou de "precipitada".
"Amo a vida dos meus enteados"
Michelle pede ainda que os enteados — Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro, ambos do PL — compreendam sua posição e afirma não ter buscado confrontá-los.
Em trecho da nota, ela manifesta como se sente em relação ao núcleo duro da família Bolsonaro: Amo o meu marido, a minha filha e amo a vida dos meus enteados. Eu entendo e sofro a dor deles porque ela também é a minha dor", diz.
A ex-primeira-dama reforça a defesa de Bolsonaro: “Quero apenas o melhor para o nosso herói, seu pai”. Ela afirma agir por coerência, fé e valores pessoais, e declara defender o marido como “uma leoa que defende a sua família”.
Após divulgar a nota, Michelle publicou uma sequência de vídeos com críticas feitas por Ciro Gomes a Bolsonaro e encerrou com outra manifestação:
“Diante de todas as atrocidades, calúnias e difamações que Ciro Gomes lança contra mim, contra o meu marido e contra os meus enteados, seguimos firmes na verdade. Nada disso muda quem somos, nem o propósito que Deus nos confiou. Jamais negociarei os meus valores”.
Michelle, filhos de Bolsonaro e o Ceará
O impasse que envolve Michelle Bolsonaro, os filhos do ex-presidente e Ciro Gomes envolve também o deputado federal André Fernandes (PL-CE). Na nota divulgada, a ex-primeira-dama não cita Fernandes, mas a crítica feita a ele, no último domingo, 30, motivou todas as reações dos enteados de Michelle.
André é o principal articulador de uma aproximação entre o PL e Ciro no Estado.
No evento que lançou a pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) a governador do Ceará, Michelle fez críticas diretas ao rumo adotado pelo PL local. A ex-primeira-dama pediu que o cerimonialista lesse o título de uma manchete: “Ciro Gomes se orgulha de redigir inelegibilidade de Bolsonaro”. Após a leitura, se virou para André e outros políticos locais e disparou: “É sobre isso, é sobre essa aliança que vocês se precipitaram em fazer”.
Embora tenha elogiado Fernandes, a ex-primeira-dama disse não ver sentido em uma aliança com alguém que, segundo ela, se coloca frontalmente contra Bolsonaro. Do palco do evento, Michelle afirmou que os apoiadores do ex-presidente deveriam reagir e trabalhar pela eleição de Girão, afastando qualquer composição com o ex-ministro Ciro Gomes.
A fala gerou reação imediata. Após o evento, André Fernandes a contestou publicamente, dizendo que a articulação com Ciro havia sido avalizada pelo próprio Bolsonaro. “Não viria a expor, mas já que a esposa do ex-presidente Bolsonaro diz publicamente que a gente fez um passe errado, que foi precipitada essa aliança. Bom, então é uma aliança precipitada do próprio marido dela”.
Segundo o deputado, no fim de maio, o ex-presidente teria pedido para ligar, por viva-voz, para Ciro. Negociações que se seguiram consolidaram o aceno político ao tucano. A posição de Fernandes foi reforçada por três dos filhos de Bolsonaro, que se manifestaram em sequência.
A declaração que puxou a defesa de André partiu do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e foi feita em primeira mão ao colunista do O POVO, João Paulo Biage, correspondente em Brasília.
Flávio criticou Michelle por "atropelar" a articulação do PL no Ceará e agir de forma "autoritária e constrangedora" ao se dirigir a André Fernandes.
"A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora", disse em entrevista ao O POVO.
Carlos Bolsonaro endossou o irmão e disse que era preciso respeitar a liderança do ex-presidente. “Meu irmão, Flávio Bolsonaro, está certo e temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças!”.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também defendeu o deputado cearense, classificando como “injusta e desrespeitosa” a crítica feita durante o evento e lembrando que André apenas cumpriu ordem. “Meu irmão Flávio Bolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André Fernandes o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai”.
Apesar de toda a discussão ter se iniciado pelas movimentações de André, a nota divulgada por Michelle deixa o cearense de lado e não cita o deputado, e foca as críticas em Ciro.
Leia mais
Íntegra da nota publicada por Michelle Bolsonaro
"NOTA DE ESCLARECIMENTO
Muitos têm me perguntado se vou responder às manifestações dos meus enteados:
Não vou!
Vivemos tempos difíceis. Enfrentamos tempestades de injustiças em mares de perseguição agitados. Nesses períodos, é normal que os nervos fiquem à flor da pele e podemos vir a machucar aqueles a quem jamais gostaríamos de magoar.
Amo o meu marido, a minha filha e amo a vida dos meus enteados. Eu entendo e sofro a dor deles porque ela também é a minha dor. Quero lutar junto com eles pela liberdade e pela vida do meu marido porque o amo, cuidarei dele e o defenderei com unhas e dentes, como uma leoa que defende a sua família!
Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade. Antes de ser uma líder política, eu sou mulher, sou mãe, sou esposa e, se tiver que escolher entre ser política, mãe ou esposa, ficarei com as duas últimas opções.
Cada pessoa é livre para tomar as suas decisões, e eu o faço considerando, coerentemente, os meus valores, a minha fé e os princípios de uma política honesta, limpa e que verdadeiramente transforme a vida das pessoas – é nisso que acredito e é por esses objetivos que tenho trabalhado todos os dias.
Diante disso, eu jamais poderia concordar em ceder o meu apoio à candidatura de um homem que tanto mal causou ao meu marido e à minha família. Como apoiar (ou deixar de, caridosamente, admoestar quem apoia) um homem que foi responsável por implantar a narrativa que rotulou o meu marido como genocida?
Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos? Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhoso por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeito com a perseguição que ele tem sofrido?
Como eu olharia nos olhos da minha filha quando ela um dia me questionasse por que eu teria apoiado (ou não falei nada quando pessoas do meu partido apoiaram) o homem que tanto mal fez ao pai dela?
Desculpem-me; não sou assim! Acredito em uma política diferente. Não basta derrotar o PT e a esquerda; é preciso fazê-lo mantendo-nos fiéis aos nossos valores e agirmos de maneira coerente com eles.
Foi por isso, e apenas por isso, que me manifestei no Ceará. Não podia ficar calada diante desses acontecimentos. Meu marido tem um coração bom (bom até demais!) e, por isso, tenho o dever de defendê-lo e de me manifestar contra situações que eu sei, serão prejudiciais a ele. Ciro Gomes não é e nunca será de direita. Nunca defenderá os nossos valores. Sempre será um perseguidor e um maledicente contra Bolsonaro.
No evento, vi nos olhos do povo que ama Bolsonaro, o mesmo desconforto e insatisfação que eu sinto. Penso que derrotar o PT dessa forma, seria o mesmo que trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin.
Aqueles que defendem essa aliança, são livres para continuar com ela, mas não deveriam me criticar por não aceitá-la. Eu tenho o direito de não aceitar isso, ainda que essa fosse a vontade do Jair (ele não me falou se é).
Muitas vezes, somos nós, esposas, que somos chamadas a mostrar aos nossos maridos que eles podem estar errando. Isso é normal em qualquer casamento e um precisa ajudar o outro. No episódio de Fortaleza, eu fui apenas uma esposa defendendo o seu marido e a sua família de um homem que sempre nos atacou.
Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem. Não foi minha intenção contrariá-los. Eu, assim como eles, quero apenas o melhor para o nosso herói, seu pai, meu esposo e o maior líder que esse país já teve – Jair Messias Bolsonaro.
Com carinho,
Michelle Bolsonaro"
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