André Fernandes rebate Michelle e diz que Bolsonaro autorizou apoio a Ciro Gomes
Declarações da ex-primeira-dama durante lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão a governador do Ceará geraram reação do deputado do PL, que argumentou que Bolsonaro deu sinal verde para a aproximação
19:28 | Nov. 30, 2025
O lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) a governador do Ceará em 2026 foi marcado por uma divergência política envolvendo o núcleo duro do bolsonarismo: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal e presidente do PL Ceará André Fernandes.
Leia mais
Michelle deu um 'puxão de orelha' no líder do PL Ceará por se aliar ao ex-governador Ciro Gomes (PSDB). Para ela, a decisão foi precipitada. A ex-primeira-dama fez fala pública, no palco do evento de Girão, afirmando que o senador é quem representa os ideais da direita no Ceará. Em determinado momento, Michelle pediu que o cerimonialista anunciasse o título de uma manchete em que Ciro falou sobre Bolsonaro: "Ciro Gomes se orgulha de redigir inelegibilidade de Bolsonaro”. Após a leitura, ela disse: “É sobre isso, é sobre essa aliança que vocês se precipitaram em fazer”, afirmou.
A cobrança pública deixou Fernandes, que também estava no palco, visivelmente incomodado. O deputado chegou a convocar entrevista coletiva após o evento e se manifestou sobre o ocorrido.
No palco, Michelle argumentou contra Ciro: "(...) Adoro o André, o Nikolas, o Carmelo, a esposa dele, tenho orgulho de vocês. Mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá”, declarou. Ela lembrou das críticas de Ciro a Bolsonaro e disse que o ex-ministro tem “essência de esquerda” na política. “A gente quer pacificar, criar unidade e a pessoa não levanta a bandeira branca. Diz que a família é de bandidos, compara Bolsonaro a ladrão de galinhas, quando fala (do caso) das joias. Não tem como. Não existe mais essa”, reforçou, defendendo a candidatura de Girão.
Reação
Após o evento, André rebateu as falas de Michelle. Ele ressaltou que a aliança foi construída desde o segundo turno das eleições de 2024, quando ele disputou a Prefeitura de Fortaleza e recebeu apoio direto e indireto de nomes da oposição ao PT. “Desde que a gente levou essa ideia de aliança ao (ex-)presidente Bolsonaro, dia 29 de maio, quando me reuni e levei todos os parlamentares do Ceará para conversar sobre essa aliança. Eu tenho orgulho de dizer que estou construindo desde lá de trás, desde o final do segundo turno das eleições, porque eu entendo o momento aqui no Ceará".
O parlamentar continuou a falar sobre o assunto, evidenciando a rota de colisão com a ex-primeira-dama. Fernandes afirmou que havia um combinado com Bolsonaro que reuniões internas de estratégia não seriam comentadas publicamente, mas abriu o jogo, motivado pela atitude de Michelle.
“O próprio (ex-)presidente Bolsonaro, no dia 29 de maio, pediu para a gente ligar para Ciro Gomes no viva-voz. Ficou acertado que nós apoiaríamos Ciro Gomes. Logo em seguida o presidente Valdemar também. Só que o acordo era ‘é muito ruim Jair Bolsonaro se aproximar de Ciro Gomes, coloca o André que qualquer pancada o André aguenta”, mencionou. Na mesma conversa, segundo o deputado, Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, teria expressado que a união era “importante”.
André prosseguiu: “Eu não viria a expor, mas já que a esposa do ex-presidente Bolsonaro diz publicamente que a gente fez um passe errado, que foi precipitada essa aliança. Bom, então é uma aliança precipitada do próprio marido dela”, ironizou.
Ele apontou ainda que tem dado, e vai continuar dando, opinião sobre o cenário no Ceará. “Eu tenho liderança, eu vou seguir a liderança de Jair Bolsonaro, vou seguir a liderança de Valdemar. E o que temos acordado é que essa aliança seja construída. Ainda está longe, mas eu não posso carregar uma culpa de algo que partiu deles mesmo”, disse. O deputado destacou que há um entendimento de que a prioridade do PL é fazer um senador no Ceará, na esteira de garantir maioria de oposição no Senado em 2027.
Além disso, segundo Fernandes, há um desejo expresso de derrotar o PT no Ceará e em outros estados. “Precisamos de um grande candidato, forte, de peso em todos os estados do Nordeste para apoiar Bolsonaro, o sucessor ou qualquer outro candidato, porque a gente precisa derrotar o PT”.
Por fim, Fernandes opinou sobre comentários contra a aliança do PL com Ciro. “Muita gente diz: 'Às vezes, pode ser arriscado se aproximar do Ciro', mas o movimento mais arriscado ainda é o que o cidadão enfrenta ao sair de casa todo dia sabendo que a facção criminosa pode ou não expulsar aquela população de casa”, concluiu.