Preso, Bolsonaro tem direito a 8 assessores e veículos; entenda

Mesmo preso, Bolsonaro tem direito a 8 assessores e carros oficiais; Lula também manteve direitos

Lei garante assessores, motoristas e veículos oficiais a ex-presidentes e não há previsão de fim do beneficio com a prisão; embora o uso prático seja limitado

A legislação que define benefícios de ex-presidentes da República prevê a manutenção de uma estrutura oficial, inclusive em casos de prisão. Mesmo cumprindo pena em regime fechado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continua tendo direito a até oito assessores e veículos especiais, tudo custeado pela União. O benefício não é condicionado pela situação jurídica.

Essa estrutura é composta por cargos comissionados vinculados à Presidência da República. Na prática, significa que a equipe continua nomeada e recebendo salário, independentemente de o ex-presidente poder utilizá-la plenamente. A legislação foi desenhada para oferecer suporte permanente a quem já exerceu o cargo máximo do País.

A eventual prisão limita o uso cotidiano da estrutura, mas não retira o direito aos benefícios. Outros ex-presidentes presos fizeram uso do benefício. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual presidente, utilizou o benefício quando ainda era ex-presidente e foi detido, entre meados de 2018 e o fim 2019.

Collor de Melo, que está em prisão domiciliar, também continua com o direito, ainda que o uso prático da equipe seja, naturalmente, limitado pelas regras da prisão.

Falta de previsão

A legislação não distingue entre ex-presidentes presos ou em liberdade, garantindo a ambos a mesma estrutura. Por isso, a equipe vinculada a Lula permaneceu ativa mesmo com a detenção, assim como ocorre com Collor e com Bolsonaro, atualmente.

Os benefícios não são concedidos pela conveniência de cada governo, mas como prerrogativa prevista em lei. Dessa maneira, Bolsonaro tende a manter a mesma estrutura administrativa que Lula preservou durante período de prisão.

Na prática

Apesar da manutenção formal da estrutura, Bolsonaro não poderá utilizar parte dos benefícios enquanto cumprir pena em regime fechado. O ex-presidente tem restrição de deslocamentos, contatos externos e rotinas administrativas, o que inviabiliza a atuação plena de assessores e motoristas. Assim, o ex-presidente mantém o direito, mas perde a funcionalidade prática.

O uso de veículos oficiais, por exemplo, fica totalmente limitado. Presos só podem ser transportados pelo Estado em situações autorizadas, como audiências judiciais ou atendimentos médicos. Motoristas vinculados à equipe de ex-presidente não podem realizar esses deslocamentos.

A segurança especial garantida a ex-presidentes presos também deixa de ser exercida pela Polícia Federal. Dentro da prisão, a responsabilidade passa a ser do sistema penitenciário, que adota protocolos próprios para proteção de detentos com grande exposição pública. A prerrogativa legal existe, mas não se aplica no ambiente prisional.

A atuação dos assessores sofre restrições semelhantes. Eles permanecem nomeados e remunerados, mas o acesso ao preso depende de autorização expressa da administração da penitenciária. A comunicação direta com o ex-presidente deve obedecer às regras da unidade, o que limita as atribuições diárias.

Além disso, nenhum dos benefícios ligados à agenda pública, viagens ou compromissos oficiais pode ser exercido. Bolsonaro continuará tendo os direitos formais que a lei confere a todos os ex-presidentes, assim como Lula teve durante sua prisão, mas não poderá utilizá-los na plenitude. 

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