Bolsonaro preso: saiba quais ex-presidentes ao redor do mundo que já foram presos

Com a prisão de Bolsonaro, a quantidade de ex-presidentes brasileiros chega a quatro; veja casos de outros países e relembre os do Brasil

08:29 | Nov. 22, 2025

Por: Júlia Honorato
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente neste sábado, 22 (foto: Marcos Corrêa/PR)

Condenado a 27 anos e três meses em setembro deste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente neste sábado, 22.

Ele será penalizado pelos crimes de organização criminosa, abolição do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Antes, ele e outros sete réus passaram por um julgamento, realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre os dias 2 e 11 de setembro.

No mundo: veja países com ex-presidentes que já foram presos

Esta foi a primeira vez na história da política brasileira em que um ex-presidente e oficiais do alto escalão das Forças Armadas são condenados por atentar contra a democracia do País, quando articularam um golpe contra o presidente Lula, após sua posse no governo.

No entanto, não é a primeira vez em que um ex-presidente é preso no Brasil ou em outras partes do mundo; confira uma lista de alguns países ao redor do mundo que já tiveram ex-presidentes presos:

Argentina

  • Carlos Menem (1989-1999): cumpriu pena de prisão domiciliar em 2001 por tráfico de armas. Recebeu outras condenações e passou por julgamentos, que não foram concluídos devido a sua morte em 2021;
  • Jorge Rafael Videla (ditadura): não foi ex-presidente, mas o principal líder da ditadura militar argentina. Foi condenado à prisão perpétua com outros líderes militares por crimes contra a humanidade, como sequestro e assassinato.

Bolívia

  • Jeanine Áñez (2019-2020): presa em 2021 por acusação de conspirar a favor de um golpe de Estado contra Evo Morales, que renunciou o cargo da presidência após as eleições de 2019. Foi condenada a dez anos de prisão em 2022, mas foi solta em 6 de novembro deste ano com anulação da sentença pelo Tribunal de Justiça da Bolívia.

Colômbia

  • Álvaro Uribe (2002-2010): condenado a 12 anos de prisão domiciliar em agosto de 2025 por fraude e suborno de paramilitares para que manipulem testemunhas e neguem evidências de suas ligações com paramilitares de extrema-direita.

Seu caso foi absolvido em outubro deste ano por falta de provas que sustentassem a acusação e possível falha na avaliação de fatos.

França

  • Nicolas Sarkozy (2007-2012): condenado a uma pena de cinco anos pelo seu papel no financiamento da sua campanha eleitoral em 2007, realizada com fundos da Líbia em troca de favores diplomáticos.

Foi o primeiro ex-presidente da era moderna, pós-segunda guerra, condenado e preso no país. Sarkozy foi considerado culpado pelo crime de associação criminosa, ficando preso por apenas 20 dias, entre outubro e novembro deste ano.

Coreia do Sul

  • Chun Doo-hwan (1980-1988): condenado à prisão perpétua, antes considerada pena de morte, por crimes relacionados ao massacre de Gwangju, de 1980. Foi anistiado em 1997;
  • Roh Tae-woo (1988-1993): condenado à 22 anos de prisão, que passaram para 17, por corrupção e participação no massacre de Gwangju. Também foi anistiado em 1997;
  • Lee Myung-bak (2008-2013): preso em março de 2018 por evasão fiscal, peculato e suborno. Foi solto em 2022;
  • Park Geun-hye (2013-2017): presa por suborno, abuso de poder e extorsão em um escândalo de corrupção massivo em 2017. Foi solta em 2022, após receber um perdão do então presidente Moon Jae-in por sua “saúde debilitada”.

Equador

  • Abdalá Bucaram (1996-1997): preso em 2020 por posse ilegal de arma e suposto investimento no assassinato de um israelense na prisão de Guayaquil. Foi solto em 2021, após ter processo judicial arquivado;
  • Lucio Gutiérrez (2003-2005): preso preventivamente em 2005 após retornar ao país enquanto estava em exílio por "atentar contra a segurança interna do estado". Foi solto em 2006, após retirada de acusações. Hoje, continua engajado na política equatoriana, participando de movimentos eleitorais;
  • Gustavo Noboa (2000-2003): cumpriu prisão domiciliar por investigação de dívidas externas do país. Foi anistiado em 2008, quando foram retiradas todas as acusações contra ele.

Peru

  • Alberto Fujimori (1990-2000): preso em 2005, no Chile, com condenação de 25 anos por crimes contra a humanidade e corrupção. Foi solto em 2023, por perdão presidencial;
  • Alejandro Toledo (2001-2006): condenado a 20 anos e seis meses de prisão em 2024 por corrupção e lavagem de dinheiro ao ser extraditado dos Estados Unidos no ano anterior;
  • Ollanta Humala (2011-2016): condenado a 15 anos de prisão efetiva com a sua esposa Nadine Heredia. Inicialmente, foi preso preventivamente em 2017 por suspeita de lavagem de dinheiro relacionada a doações não declaradas da empresa Odebrecht, ligada à Operação Lava-Jato;
  • Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018): cumpriu a pena de três anos de prisão domiciliar, entre 2019 e 2022, por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção envolvendo a Odebrecht;
  • Martín Vizcarra (2018–2020): preso preventivamente em agosto deste ano por ameaça de fuga. Foi acusado de corrupção de empresas de obras públicas;
  • Pedro Castillo (2021-2022): preso preventivamente por tentativa de golpe de Estado e tentativa de dissolver o Congresso. Ainda no aguardo para um julgamento, tem previsão de soltura em dezembro deste ano.

No Brasil: relembre casos de ex-presidentes presos

Além dos citados, ainda há outros países com casos de ex-presidentes detidos e/ou condenados por crimes geralmente voltados à corrupção.

O Peru, mencionado acima, é o que mais tem ex-líderes presos. Desde 1990, foram sete dos oito eleitos acusados.

No caso do Brasil, esta não é a primeira vez em que um presidente é preso; relembre casos:

  • Fernando Collor (1990-1992): condenado a oito anos e dez meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em dezembro de 2023. Neste ano, foi autorizado que cumprisse de forma domiciliar por apresentar problemas de saúde, como Parkinson;
  • Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2007; 2007-2011; 2023-atualmente): preso em 2018 por corrupção em troca de favores com a Petrobras, o que é negado pelo presidente. Foi solto em 2019 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF);
  • Michel Temer (2016-2018): preso preventivamente por três dias por envolvimento na Operação Descontaminação, que envolvia fraudes para a construção da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro;

Com eles, Jair Bolsonaro se torna o quarto ex-presidente brasileiro a ser preso, sendo condenado a 27 anos em setembro deste ano por envolvimento em golpe de Estado.