Quem é Friedrich Merz, chanceler alemão que disse estar contente por deixar o Brasil após a COP30

Merz afirmou que ele e membros da comitiva alemã que estiveram em Belém-PA ficaram felizes em retornar para a Alemanha

10:16 | Nov. 19, 2025

Por: Gabriele Soares e Wilnan Custódio
Friedrich Merz, chanceler da Alemanha (foto: INA FASSBENDER/AFP)

Friedrich Merz, alemão que fez falas polêmicas sobre o Brasil durante sua participação na COP30, em Belém, assumiu o cargo de chanceler da Alemanha em maio de 2025, após eleição considerada “fiasco histórico” por não ser considerado apto ao posto após uma primeira eleição no Parlamento.

Pela primeira vez um candidato a premier alemão não conseguiu reunir votos suficientes na primeira votação, algo inédito na história desde a Segunda Guerra. Porém, na segunda votação, os resultados foram favoráveis, com Merz conseguindo 325 dos 316 votos necessários.

Perfil

Conservador, de 69 anos de idade, Merz é presidente da União Democrata-Cristã (CDU), - de direita -, mesmo partido da ex-primeira-ministra Angela Merkell. Ele também era líder da bancada parlamentar da CDU/CSU no Bundestag (Parlamento alemão), antes de assumir o atual cargo.

Ao assumir como chanceler, Merz tornou-se o chefe do governo alemão mais velho desde Konrad Adenauer (1949-1963). Até então, o premier não havia ocupado posições similares no executivas: não foi ministro, governador, ou prefeito. Ele foi de parlamentar líder da CDU, para o cargo de chefe de governo.

Nascido em 1955 em Brilon, Merz além de politico é advogado, exercendo função de eurodeputado (1989-1994), ano que se tornou parlamentar no Bundestag onde atuou de 1994 a 2009. Após uma pausa na politica para atuar ao setor privado, Merz voltou a ocupar uma vaga no parlamento em 2021, sendo eleito líder do partido no ano seguinte.  

Desde que assumiu o cargo Merz tem tomado decisões polêmicas, o que tem abalado a estrutura politica do chamado "cordão sanitário" no parlamento alemão - união de partidos de esquerda e direita para conter pautas que interessam a setores da extrema direita -; uma das polêmicas foi endurecer regras de migração, o que fez o apoio e votos para a extrema direita crescerem.

Críticas ao Brasil

Friedrich Merz afirmou, em discurso no último dia 13, que perguntou a jornalistas que o acompanharam na COP30 “Quem de vocês gostaria de ficar aqui? (em Belém-PA)”, e que “ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, especialmente daquele lugar onde estávamos”. A declaração viralizou e passou a ser interpretada com ares de desprezo ao país anfitrião.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu o comentário durante evento público: “Berlim não oferece 10% da qualidade do Pará”, afirmou, sugerindo ainda que Merz “deveria ter ido a um boteco” para conhecer a cidade.

O governador do Pará, Helder Barbalho, classificou a declaração como “discurso preconceituoso” e afirmou que “o Pará abriu as portas e mostrou a força de um povo acolhedor”, em postagem nas redes sociais. O prefeito de Belém, Igor Normando, chamou a fala de “infeliz, arrogante e preconceituosa” em vídeo publicado nas redes do município. Ambas as reações foram repercutidas pela imprensa local e nacional.

Nas redes, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, reagiu em tom mais forte, mas depois apagou a postagem. A reação de Paes também foi amplamente noticiada e discutida pela mídia, principalmente o trecho onde o gestor do Rio de Janeiro chamou Merz de "nazista" e "filhote de Hitler".