André Fernandes diz que Bolsonaro aprovou aproximação com Ciro e delegou a ele missão no Ceará
Deputado do PL rebateu críticas de opositores sobre a aproximação dele com o grupo do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes
12:55 | Out. 28, 2025
O deputado federal André Fernandes (PL) afirmou nesta terça-feira, 28, durante o Café da Oposição, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), que tem conduzido o diálogo com Ciro Gomes (PDT), de quem se aproximou politicamente após as eleições municipais de 2024. O movimento teve o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), líder político de Fernandes.
“Tenho mantido um diálogo com Ciro Gomes, uma pessoa que até um ano atrás era uma figura política totalmente distante, mas a eleição 2024 nos aproximou”, afirmou André.
O deputado também rebateu críticas sobre a aproximação com o grupo político de Ciro. “Muita gente tem me dito assim: 'André, se aproximar de Ciro politicamente é um movimento muito arriscado' e eu tenho respondido assim: mais arriscado é o que o povo do Ceará está enfrentando quando sai de casa”.
Em fala durante a reunião com parlamentares, Fernandes destacou que mantém autonomia nas decisões políticas do partido no Ceará, embora conte com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Todas as movimentações que fiz aqui no Ceará e que levei essa ideia para o presidente Bolsonaro, ele nos ouviu. Ele me ouviu, ele entendeu e ele mandou tocar", relatou.
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André lembrou que quando o ex-presidente veio para um seminário em Fortaleza, Bolsonaro delegou a responsabilidade sobre decisões políticas no Ceará para ele.
“A resposta do Bolsonaro foi o quê? Fale com André. Ele me deu essa responsabilidade de tocar esse projeto aqui no estado do Ceará. (...) Ficou bem definido por todos os mandatários do PL que os nossos passos tinham o aval de Jair Bolsonaro, mas ele entendeu que, no Ceará, quem deve tocar o estado são os parlamentares do Ceará”, esclareceu.
O deputado ainda acrescentou que a prioridade do PL no Estado é “reconstruir o Ceará”, o que, segundo ele, passaria pela derrota do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições.
“O PT tem prefeitura, tem governo, tem Senado, tem tudo. E quando não está no partido, ainda assim é aliado. Dos 184 municípios, hoje, nós temos 182 que estão lá pedindo bênção para o governador. Mas o que me deixa muito feliz é que uma grande parte desses 182 estão pedindo bênção com medo de retaliação. Eu tenho certeza que lá na urna vai apertar 45, que é mudança”.
O encontro contou com a presença de parlamentares da bancada de oposição na Assembleia Legislativa e líderes do PL, assim como vereadores contrários ao governo. O evento faz parte das articulações dos partidos para as eleições de 2026, em meio a um realinhamento político que tem aproximado o bolsonarismo do grupo ligado a Ciro Gomes no Ceará.
PL Ceará
André Fernandes assumiu a presidência do Partido Liberal no Ceará há cerca de um mês. Ele explica que, nesse período, está "tentando ajeitar as contas do partido, organizando os Diretórios Municipais". O deputado afirma que quase 70% das comissões provisórias do PL Ceará estão inativas, cenário que quer mudar até 2026.
"Vamos ter que subir todas essas comissões, resolver a questão financeira do partido, com algumas contas ainda para resolver das gestões anteriores, e diante disso, dobrar o número de filiados, colocar 100% das comissões provisórias municipais e eleger a maior bancada aqui do Ceará", listou Fernandes.
Antes de André, quem geria o partido no âmbito estadual era o deputado estadual Carmelo Neto. O parlamentar foi substituído em agosto deste ano e passou a gerir a direção do PL Jovem.
Sobre a relação com Carmelo Neto, Fernandes ressaltou que a troca foi "tranquila".
"Tudo conversado com Carmelo, aliado com presidente Bolsonaro, presidente Valdemar e com todos os parlamentares do Ceará", esclareceu.
Anteriormente, neste ano, a deputada estadual Dra. Silvana (PL) citou insatisfação com a condução do deputado estadual nas eleições municipais de 2024.
Senado Federal
Segundo André Fernandes, a existência de múltiplas pré-candidaturas não é vista como um obstáculo pelos parlamentares e dirigentes. André Fernandes afirmou que o partido pode ter “três, quatro ou até dez pré-candidaturas ao Senado” sem prejuízo à unidade interna.
O deputado Alcides Fernandes, pai de André e pastor, é o nome confirmado para ocupar uma vaga na chapa que disputará o Senado em 2026, lançado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de Alcides, entre os nomes em discussão, está o da vereadora de Fortaleza Priscila Costa.
Líder do PL Mulher Ceará, ela afirmou ter recebido acenos de Bolsonaro para concorrer a uma das vagas do Senado.
Chapa única
O nome do senador Eduardo Girão (Novo) é apontado como peça importante nas articulações em torno da formação de uma chapa única para as eleições de 2026, buscando unir as principais forças contrárias ao grupo governista. Ainda não há consenso sobre sua participação no projeto, pois o senador se coloca como pré-candidato ao Governo do Ceará.
O presidente do PL Ceará considera Girão uma pessoa de confiança e um amigo. "É uma pessoa que eu confio, é um amigo. Gosto do trabalho que ele tem exercido em Brasília, e ainda tenho muita esperança de que ele venha compor conosco, para que a gente possa juntos fazer uma chapa única da oposição no Estado", destacou Fernandes.
Pressão sobre prefeitos
André Fernandes também afirmou que, apesar do atual governo e seus aliados controlarem 182 das 184 prefeituras do Ceará, esse domínio não reflete necessariamente o apoio genuíno dos gestores municipais.
“O governador corta verba, e o município vai à falência simplesmente por se aproximar de outra chapa ou de outro pré-candidato ao governo. Isso tem acontecido; é chantagem. Posso afirmar que os prefeitos estão sendo pressionados a apoiar”, acusou.