Ciro Gomes se desfilia do PDT após mais de uma década e se filiará ao PSDB
Ex-governador enviou carta comunicando saída em meio a divisões internas na legenda, que tem origem ainda na eleição de 2022
O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes pediu, por meio de carta enviada ao presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Carlos Lupi, a desfiliação da sigla, nesta sexta-feira, 17. Ciro e aliados do seu grupo político estão no partido desde 2015.
Na noite desta sexta-feira, o presidente do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, informou que o ex-governador irá se filiar ao partido, ao qual já pertenceu. Segundo ele, Ciro anunciará em breve que concorrerá a governador do Estado.
Ciro vinha enfrentando dificuldades para se manter no partido devido a um racha interno, que dividiu o PDT entre alas que apoiam a gestões do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e do presidente Lula (PT) e outro grupo que é oposição ao PT em todas as esferas e se aproximou de políticos bolsonaristas.
No início da tarde desta sexta-feira, O POVO entrou em contato com líderes pedetistas. Presidente do PDT Ceará, o deputado federal André Figueiredo (PDT), disse que não recebeu pedido de desfiliação: "Nada", respondeu pouco depois das 13h30min. Carlos Lupi, presidente Nacional do partido, disse à coluna de Guilherme Gonsalves: "Não sei, pergunte a ele".
Na carta de desfiliação, Ciro expressou "enorme tristeza" pela desfiliação edisse não desejar expor as razões para a "dificílima decisão" no documento. "Boa parte delas o companheiro conhece muito bem e nada pode fazer para removê-las", afirmou. Ele agradece pelo período em que permaneceu na sigla e destaca "carinho e profundo respeito" pela militância.
Estratégia
Ciro tem se aproximado de partidos como PSDB e União Brasil. Em julho deste ano, ele se reuniu com a cúpula do PSDB. Em outra ocasião, durante o evento de formalização da federação entre União Brasil e PP, Ciro criticou o presidente Lula. Segundo ele, sua presença na cerimônia foi um "ato de cortesia muito comum antes do País ser tomado pelo lulopetismo e pelo bolsonarismo".
O ex-governador defendeu uma união entre partidos da centro-esquerda à centro-direita como alternativa ao atual governo federal. Ciro disputou quatro eleições presidenciais, a última delas em 2022, quando tentou se apresentar como uma terceira via diante da polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. Na ocasião, ficou em quarto lugar, com 3% dos votos válidos.
Apesar das recentes movimentações, o ex-governador já afirmou que não pretende mais concorrer à Presidência. "Não quero mais ser candidato, não. Não quero mais importunar os eleitores", declarou em entrevista à Rádio Itatiaia, em setembro.
Trajetória
Ao longo da trajetória política o ex-ministro teve passagens por sete siglas, ocupando os cargos de deputado estadual, federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro de Estado. Ciro se tornou prefeito de Fortaleza em 1989, e em 1991 assumiu o cargo de governador, sendo o primeiro governador eleito pelo PSDB e o mais jovem até então.
Entre 1994 e 1995, foi ministro da Fazenda e participou na implantação do Plano Real. Em 1998 disputou sua primeira eleição presidencial pelo antigo Partido Popular Socialista (PPS). Na primeira eleição vencida por Lula (PT), em 2002, Ciro terminou o pleito presidencial com 11,97% dos votos.
Em 2005 seu grupo politico migrou par o Partido Socialistas Brasileiro (PSB), e apoiou a gestão de Lula, permanecendo na sigla até 2013. Após sair do partido socialista, seu grupo político teve uma breve passagem pelo Pros, até se filiarem ao PDT, em 2015, permanecendo até 2025, tendo candidaturas presidenciais em 2018 e 2022.
Com Agência Estado.