Governo quer votar MP alternativa ao IOF, mas já contabiliza derrota
Texto passou em comissão na Câmara, mas por um placar apertado, com apenas um voto de diferença. MP deve ser votada no Plenário
18:18 | Out. 08, 2025
Mesmo com a aprovação da Medida Provisória 1303-2025, alternativa à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na Comissão Especial da Câmara do Deputados, com 13 votos a favor e 12 contrários, o governo Lula já trabalha com a provável derrota no Plenário. Os parlamentares da base governista tentam articular para aprovação da MP, que pode garantir R$ 17 bilhões aos cofres públicos com a taxação de Beta e Fintechs, mas há grande resistência do Centrão e da direita.
O relator da medida, Carlos Zarattini (PT-SP), chegou a firmar um acordo com o grupo para aprovação da proposta, mas, segundo Pedro Lupion (PP-PR), presidente da bancada ruralista, Zarattini teria quebrado este acordo ao retirar quatro pontos do texto adicionados pela cúpula do agro. Lupion disse que não há mais chances para consenso.
Leia mais
“Não tem mais nada referente ao setor agropecuário na MP, então não cabe a nós fazer a discussão deste texto. Gostaríamos de ter aproveitado a medida para colocar alguns pontos importantes do setor que precisam ser resolvidos, mas não houve espaço para negociação, então seguimos com nosso posicionamento”, disse Lupion.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), esteve em uma reunião com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para trabalhar a possibilidade de uma entrega dos votos dos partidos. Pedro Lupion, porém, conversou com Haddad e negou qualquer possibilidade de voltar atrás com os votos contrários, mesmo sem a taxação das LCA e LCI.
Para o Governo, é revanche política
O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, deputado Lindbergh Farias, alega que as bancadas de centro e direita trabalham para boicotar o governo na Casa Legislativa. Segundo ele, políticos antecipam a corrida eleitoral de 2026 de forma a declinar propostas que beneficiam o povo brasileiro.
“É clara a movimentação de certos políticos antecipando a eleição de 2026. O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, Ciro Nogueira, presidente do PP, Antônio de Rueda, presidente do União. Eles estão claramente articulando contra o país. A disputa eleitoral precisa ser feita com debates, propostas, e não dessa forma”, declarou o deputado.
Já o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT), suspeita que a oposição esteja trabalhando para asfixiar o orçamento. Mesmo com a iminente derrota, Guimarães quer votar o texto. “Vamos levar para voto, vamos para o painel. Nós queremos ver quem é quem. É inadmissível que partidos da base do governo votem contra”, apontou Guimarães.