Luizianne faz relato sobre dias em prisão de Israel: "Muitas violações e muita truculência"

Ativistas estão na Jordânia após deportação de Israel. Deputada federal relatou que período detida foi "muito difícil" e com "muitas violações"

23:27 | Out. 07, 2025

Por: Taynara Lima
Deputada federal Luizianne Lins falou pela primeira vez após deixar prisão em Israel. Delegação brasileira deverá chegar ao Brasil nesta quinta-feira, 9 (foto: Reprodução/Instagram)

A deputada Luizianne Lins (PT) falou pela primeira vez após ter sido detida pelas Forças Armadas israelenses enquanto integrava flotilha humanitária que rumava para Gaza. A parlamentar confirmou que chegará ao Brasil na manhã desta quinta-feira, 9.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Luizianne agradeceu o apoio recebido e falou sobre o período em que passou detida na prisão de Ktzi’ot, no deserto de Neguev, desde a última quarta-feira, 1º. A ex-prefeita afirmou que foram “muitas violações e muita truculência” registradas no local.

A gente sentiu na pele tudo que o exército israelense é capaz de fazer. Nós fomos, na verdade, sequestrados pelo exército israelense, porque nós não estávamos em águas israelenses, estávamos chegando à Gaza. Após isso, o Exército de Israel tomou o controle dos barcos e nos levou para o porto de Ashdod e, de lá, nós fomos considerados presos. Segundo o próprio ministro da Segurança Nacional e o próprio Netanyahu, nós íamos ser tratados como terroristas e assim fizeram”, falou.

A parlamentar ainda contou que chegou sem nenhuma mala ou bolsa, porque as forças israelenses “levaram tudo”. "Nós temos que continuar denunciando o genocídio em Gaza porque o povo palestino merece viver com dignidade", disse ainda. 

Ao O POVO, a delegação brasileira da Global Sumud Flotilla informou que, até às 21h24min desta terça, apenas a presidente do Psol-RS, Gabi Tolotti, e a vereadora Mariana Conti (Psol) tinham o retorno confirmado para esta quinta, além da deputada Luizianne Lins.

A intenção é de que todos venham no mesmo dia, porém, até a publicação desta matéria, não há confirmação de que todos os integrantes estão com a passagem. 

Ainda de acordo com a organização, não houve nenhum auxílio financeiro do Itamaraty para a compra das passagens.

Em nota enviada na tarde desta terça-feira, 7, a organização internacional havia afirmado que o governo brasileiro “ainda não se propôs a pagar a passagem dos participantes” ao Brasil. Uma campanha de arrecadação estava sendo promovida para contribuir com o retorno da delegação.

O POVO entrou em contato com o Itamaraty por telefone e e-mail para saber mais detalhes sobre o processo e a matéria será atualizada, caso a demanda seja respondida.

Missão humanitária interceptada

Os 13 brasileiros foram detidos após os barcos da flotilha humanitária terem sido interceptados pela Marinha israelense. No local, os ativistas denunciaram condições degradantes, uso de violência psicológica e falta de tratamento médico adequado.

A delegação foi deportada de Israel nesta terça-feira, 7, e chegou à fronteira da Jordânia por volta das 12 horas no horário local. Os ativistas foram recebidos pela Embaixada brasileira e pela Global Sumud Flotilla e, após a chegada no país, receberam avaliação médica.

Na segunda-feira, 7, 171 integrantes da flotilha humanitária foram deportados, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg. 

Nesta terça, 108 ativistas foram enviados à fronteira da Jordânia. De acordo com a Global Sumud Flotilla, parte dos integrantes são de países da América Latina, como Argentina, México, Colômbia e Brasil, e da África, como Algéria, Tunísia e África do Sul.

Histórico

A Flotilha Global Sumud saiu de Barcelona, na Espanha, no fim de agosto com ativistas, parlamentares e líderes sociais de vários países a bordo das embarcações. A missão buscava levar alimentos, água potável e suprimentos médicos à Gaza em meio à crise humanitária na região.

Ao todo, 13 ativistas brasileiros foram deportados nesta terça-feira: Thiago Ávila, Bruno Gilga, Lisiane Proença, Magno Costa, Mariana Conti (vereadora do Psol), Ariadne Telles, Mansur Peixoto, Gabriele Tolotti (presidente do Psol-RS), Mohamad El Kadri, Lucas Gusmão, João Aguiar, Miguel Bastos e Luizianne Lins.