União Brasil e PP criticam fala de Lula sobre tarifaço de Trump: ‘Retórica confrontacional’
Partidos estão por oficializar uma federação para 2026. Presidentes da siglas, Ciro Nogueira e Antonio Rueda, assinam carta que pede serenidade e estratégia nas negociações
A Federação União Progressista, formada pelos partidos União Brasil e Progressistas, divulgou nesta segunda-feira, 4, uma nota pública criticando declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o 17º Encontro Nacional do PT, realizado em 3 de agosto. No evento, Lula acusou os Estados Unidos de envolvimento em golpes no Brasil e reafirmou a intenção de substituir o dólar em transações comerciais internacionais.
No documento assinado pelos presidentes nacionais do União Brasil, Antonio Rueda, e do Progressistas, Ciro Nogueira, a federação afirma que tais posicionamentos “podem agravar as tensões econômicas e diplomáticas com um parceiro comercial estratégico” e demonstrou preocupação com o impacto de uma retórica de confronto.
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A nota também faz referência à imposição recente de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo norte-americano, liderado por Donald Trump, classificando a medida como um “desafio significativo para nossa economia”. Para a federação, a resposta do Brasil deveria ser guiada por “pragmatismo” e busca de “acordos que minimizem o impacto dessas tarifas”.
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Sobre a proposta de adoção de uma moeda alternativa ao dólar, o texto reconhece que o debate é válido no longo prazo, mas destaca que não representa uma solução imediata para as empresas brasileiras afetadas pelas tarifas. A entidade política reforça que é necessário adotar estratégias voltadas à defesa de interesses econômicos nacionais, incluindo a redução de barreiras comerciais e a ampliação de mercados.
“A União Progressista defende que o governo federal lidere esforços para fortalecer as relações comerciais com os Estados Unidos, promovendo negociações baseadas em respeito mútuo e benefícios recíprocos”, diz a nota.
A federação conclui o comunicado pedindo que o Brasil atue com “serenidade e visão estratégica”, evitando posturas que possam comprometer a competitividade das empresas e o bem-estar da população.
Indicativo
A federação é formada por duas siglas que detêm parlamentares contrários e aliados do Governo Federal, com direito a pastas no Planalto. A nota estar assinada pela presidência de ambos os partidos pode ser interpretada como um ensaio de oposição formal ao governo Lula com vistas a 2026, posicionando o ato como um gesto político com forte tom eleitoral.
Confira, na íntegra, a nota publicada:
Prezado Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
A União Progressista manifesta sua profunda preocupação com as declarações feitas no 17º Encontro Nacional do PT, em 3 de agosto de 2025, nas quais Vossa Excelência acusa os Estados Unidos de envolvimento em golpes no Brasil e reitera a intenção de substituir o dólar em transações comerciais.
Entendemos que tais posicionamentos, longe de contribuírem para a resolução da crise tarifária enfrentada pelo Brasil, podem agravar as tensões econômicas e diplomáticas com um parceiro comercial estratégico.
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo norte-americano, liderado por Donald Trump, já representa um desafio significativo para nossa economia.
Nesse contexto, adotar uma retórica confrontacional, que remete a eventos históricos sem foco em soluções práticas, compromete a capacidade do Brasil de negociar com pragmatismo e buscar acordos que minimizem o impacto dessas tarifas.
A menção a uma moeda alternativa ao dólar, embora válida em debates de longo prazo, não oferece uma solução imediata para as empresas brasileiras afetadas, que necessitam de ações concretas e diálogo construtivo com os Estados Unidos.
O Brasil, como o senhor mesmo reconheceu, possui tamanho e relevância para negociar em igualdade de condições. No entanto, é fundamental que essa postura seja traduzida em estratégias que priorizem a defesa dos interesses econômicos nacionais, como a redução de barreiras comerciais e a ampliação de mercados exportadores. Declarações inflamadas e a evocação de conflitos passados arriscam isolar o Brasil em um momento em que a cooperação internacional é essencial para superar os desafios econômicos globais.
A União Progressista defende que o governo federal lidere esforços para fortalecer as relações comerciais com os Estados Unidos, promovendo negociações baseadas em respeito mútuo e benefícios recíprocos. É imprescindível que o Brasil atue com serenidade e visão estratégica, evitando posturas que possam comprometer a competitividade de nossas empresas e o bem-estar da população.
Atenciosamente,
Antonio Rueda
Presidente Nacional do União Brasil
Ciro Nogueira
Presidente Nacional do Progressistas