Edinho prioriza reeleição de Lula e critica emendas: 'Presidencialismo descaracterizado'
Presidente recém-eleito do PT, Edinho Silva, falou sobre os desafios do partido e comentou a relação conflituosa com o Congresso, defendendo o diálogo como forma de encontrar equilíbrio entre os poderes.
O recém-eleito presidente nacional do PT, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e figura na campanha de Lula em 2022, assumiu o partido com um discurso voltado à justiça social, reestruturação das bases partidárias e elencando ainda os desafios para a sigla no horizonte político. O político foi entrevistada pelo programa O POVO News, na semana passada.
Edinho destacou ser necessário que o PT dialogue com a nova classe trabalhadora. “Temos que entender as transformações do mundo do trabalho. Muitas profissões deixaram de existir, e outras surgiram. O PT tem um desafio, mas nenhum desafio é maior do que garantir a reeleição do presidente Lula em 2026. Ela significa dar continuidade ao projeto de reconstrução do país”, disse.
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O dirigente petista também falou sobre a relação com o Congresso, - estremecida recentemente -, criticando a revogação do decreto do governo que previa a reestruturação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
“No governo Bolsonaro a taxação era de 6%, Lula propôs reduzir para 3,5% e ainda abre o diálogo. Mesmo assim, o Congresso derrubou”, lamentou. Para Edinho, essa foi uma derrota simbólica que revelou os interesses ocultos que travam a agenda social do governo, que teria sido forçado a ir para a sociedade e "explicar seus objetivos com a medida. Isso é legítimo", defendeu.
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Relação com o Congresso e emendas
Edinho questionou ainda o modelo atual de distribuição de emendas parlamentares que, na sua avaliação, contribui para descaracterizar o regime presidencialista no Brasil, com parte das atribuições do Executivo sendo transferidas ao Congresso.
"Precisamos dialogar para arrumar um equilíbrio, porque evidente que está descaracterizado o presidencialismo. O presidencialismo foi criado na constituinte de 1989 e ratificado em 1993, hoje está descaracterizado. Do governo Temer até o governo Bolsonaro, boa parte das atribuições do Executivo foram apropriadas pelo Legislativo", destaca.
E segue: "(...) Eu digo que hoje, quando o Congresso executa R$ 52 bilhões em emendas, claro que não estamos mais num presidencialismo, é um semipresidencialismo, um semiparlamentarismo e o pior, num varejo", alertou, defendendo, ainda assim, um diálogo no Congresso para encontrar um ponto de equilíbrio.
Para o petista, a prática é maléfica do ponto de vista de longo prazo. “Deixamos de discutir os projetos importantes, não temos uma agenda nacional que pense o país para os próximos dez, 15 anos, só ficamos discutindo liberação de emendas".