Trump quer classificar PCC e CV como terroristas; governo Lula é contra: entenda
Mesmo com a resistência do governo brasileiro, para os Estados Unidos isso não impede Washington de avançar na pauta, prosseguindo de forma unilateral
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), estuda a classificação das facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV) como terroristas, contrariando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Planalto não vê a medida com bons olhos, especialmente por entender que, visto que a atuação criminosa não tem fundamentos, por exemplo, religiosos ou de ódio, as ações dessas organizações do crime não estariam categorizadas como tal.
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Em reunião com o governo Lula, emissários de Trump sugeriram que as facções sejam classificadas como organizações terroristas. Mesmo com a resistência do governo brasileiro, para os Estados Unidos isso não impede Washington de avançar na pauta, prosseguindo de forma unilateral.
A visita de representantes do governo dos EUA foi entendimento como um gesto diplomático para atuar em conjunto nessa medida, embora tenham encontrado resistência, visto que não há o enquadramento dessas organizações na categoria terrorismo pela legislação brasileira.
“Os Estados Unidos não dependem do aval de outros governos para decidir se classificam grupos criminosos transnacionais como terroristas. Há autonomia. Para muitas pessoas, organizações ligadas ao narcotráfico levam terror à população diariamente”, disse um auxiliar de Donald Trump à coluna de Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
A oposição ao governo de Lula tem demonstrado apoio à medida, como no caso do deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), que compartilhou um vídeo em suas redes sociais nessa quinta-feira, 15, direto dos Estados Unidos, comentando o assunto.
“Foi muito importante a parte da reunião em que nós fomos informados que a decisão de tornar as organizações criminosas brasileiras terroristas não é uma decisão do governo Lula, muito pelo contrário. É uma decisão soberana dos Estados Unidos”, disse o deputado, que estava em reunião no Departamento de Estado dos EUA.
Ele continua: “E, a partir dessa declaração, eles podem, então, congelar bens de empresas e de pessoas nos Estados Unidos. Eles podem impor sanções contra essas pessoas e ajudar a treinar e a financiar as nossas organizações policiais”.
O que mudaria
Uma nova classificação traria aplicações de penas mais severas aos criminosos e permitiria, ainda, que traficantes presos no país norte-americano pudessem ser deportados para El Salvador, ao Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), na América Central.
O terrorismo é entendido no Brasil da seguinte forma: “Atentar contra pessoa, mediante violência ou grave ameaça, motivado por extremismo político, intolerância religiosa, preconceito racial, étnico ou de gênero ou xenofobia, com objetivo de provocar pânico generalizado”.