Entenda o que levou Lula a trocar o comando do Ministério das Mulheres
Saída de Cida Gonçalves ocorre após denúncias de assédio moral, críticas à gestão e pressão por políticas mais eficazes voltadas ao público feminino
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou nesta segunda-feira, 6, a saída de Cida Gonçalves do comando do Ministério das Mulheres. Para o lugar, foi nomeada Márcia Lopes, que já chefiou o Ministério do Desenvolvimento Social durante o segundo mandato de Lula.
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A troca ocorre em meio a críticas internas ao desempenho da pasta e a uma queda na aprovação do governo entre as mulheres — público considerado estratégico para as eleições presidenciais de 2026. Pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 2 de abril apontou que, pela primeira vez, a reprovação do governo entre as mulheres (53%) superou a aprovação (43%), revertendo o cenário de janeiro, quando os índices estavam tecnicamente empatados.
Internamente, fontes do Palácio do Planalto afirmam que a decisão foi motivada por uma avaliação de baixa produtividade e falta de protagonismo do ministério. Lula já vinha manifestando insatisfação com os resultados da gestão, apontando que as ações estavam concentradas quase exclusivamente no combate à violência contra a mulher — pauta considerada essencial, mas tratada de forma insuficiente — enquanto outras frentes, como geração de renda, emprego e capacitação, foram negligenciadas.
Outro fator que pesou na decisão foram denúncias formais apresentadas contra Cida Gonçalves por ex-servidoras da pasta. As acusações incluíam suposto assédio moral, xenofobia, ameaças de demissão, cobranças excessivas de prazos, tratamento hostil e gritos em reuniões. Os relatos foram documentados por meio de dossiês e gravações entregues à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Comissão de Ética da Presidência da República, que arquivou o caso em fevereiro. Apesar disso, o episódio gerou desgaste interno e desconforto no governo.
Aliados de Lula destacam que a troca também segue um movimento de reorganização política do governo após a saída de outros ministros, como Carlos Lupi (Previdência Social), que deixou o cargo recentemente em meio a denúncias de fraudes no INSS. A expectativa do Planalto é que Márcia Lopes consiga reposicionar o ministério com políticas mais abrangentes e populares, capazes de melhorar a imagem do governo entre o eleitorado feminino.