Ataques de facções a provedores de Internet viram arma da oposição contra Governo Elmano

Parlamentares usam ações recentes para tecerem críticas à gestão de Elmano; líder do governo na Assembleia Legislativa comemora queda recente em números de mortes

11:15 | Mar. 12, 2025

Por: Marcelo Bloc
Carmelo Neto afirma que, desde que Elmano disse que trataria pessoalmente da segurança pública, a situação piorou (foto: Dário Gabriel (Alece))

Os recentes ataques realizados por facções criminosas no Ceará contra provedores de Internet repercutiram na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Parlamentares lamentaram a repercussão negativa para o Estado que esses atos têm gerado. O deputado estadual Carmelo Neto (PL) afirmou que ataques como os que têm sofrido a Brisanet, ou o que deixou o Porto do Pecém sem Internet, vêm trazendo uma série de prejuízos para o Ceará.

"Isso é muito ruim. Muito ruim inclusive para a imagem do Estado no exterior, nos outros estados, a competitividade do Ceará nesse quesito comercial, portuário. Mas o que me deixa mais revoltado é que eles fazem isso para impor o provedor de Internet da facção, que está se popularizando o nome como CVNET. E o que me deixa mais revoltado é saber que para se impor uma provedora é preciso que se tenha CNPJ, que se tenha como o cidadão contratar. Então, o que me deixa revoltado é saber que o crime está legalizado", argumentou ao O POVO.

Para o parlamentar, as ações do governo não têm sido eficientes para combater o crime organizado e diminuir a insegurança. "Olha, o governador ele tem dito há algum tempo que vai cuidar pessoalmente da segurança. E desde que ele falou que vai cuidar pessoalmente tem piorado. Então, eu não sou capaz de dizer que o governador não quer resolver o problema da segurança, porque eu não acredito, porque a família dele mora aqui, ele mora aqui. Eu não acredito que ninguém que esteja sentado na cadeira de governador do Estado não queira resolver o problema da segurança. Agora que não tem sido capaz de resolver", criticou.

Ações do governo

Líder do governo Elmano de Freitas (PT) na Casa, o deputado estadual Guilherme Sampaio (PT) destacou a criação de um grupo de trabalho específico para combater a o crime organizado. Ele lembrou que foi aprovada na Alece esta semana uma alteração do estatuto da Polícia Civil, permitindo a posse no cargo de delegados de Polícia Civil que foram aprovados no concurso e estão na última etapa do curso de formação.

Segundo o petista, o objetivo dessa alteração é fortalecer a estrutura da Polícia Civil, alinhado com a perspectiva do governador Elmano de enfrentar o crime. A convocação de novos profissionais de segurança pública é outra medida nesse sentido.

"É isso que a população espera do governador Elmano, uma atuação qualificada, firme e inteligente contra o crime organizado. O governador tem caminhado nessa perspectiva, quer seja na convocação de milhares de profissionais de segurança, na multiplicação por cinco da nossa estrutura de inteligência, na compra de viaturas e de equipamentos pra nossa polícia, na motivação dos nossos profissionais. Semana passada aprovamos aqui o sistema de metas integrado da política de segurança do Estado, que vai premiar com uma recompensa fim do policial até o coronel. Todas as forças de segurança na Polícia Civil, na Perícia Forense e nos Bombeiros e com base nos objetivos de meta de redução de homicídios, de roubos", explicou, destacando ainda uma redução de 20% nos crimes em fevereiro em relação ao ano anterior, e também uma redução em janeiro.

"No mês de fevereiro, nós tivemos uma redução de 20% praticamente em relação ao ano passado. No mês de janeiro, também já tivemos uma redução. E essa é a decisão firme do governador Elmano, combater com rigor, inteligência e com profissional. mais qualificados, o crime organizado", concluiu.

Luta contra a desmoralização

Segundo o deputado Heitor Férrer (União Brasil), o governador tem que fazer o seu papel e não ser desmoralizado pelo crime organizado. "O que nós estamos vendo no Ceará é um Estado dentro do outro, onde o crime organizado estabelece os seus limites, os seus padrões e o Estado fica apenas a observar e a se conter como poder público. O que tá acontecendo com as facções na periferia de Fortaleza, nos municípios, tem demonstrado que essa luta, que essa briga, o governo está em desvantagem, lamentavelmente", alertou ao O POVO.

Segundo ele, facções realizam ataques sem medo de esconder o rosto devido às penas serem brandas e não assustarem. "Eles já estão se mostrando sem qualquer constrangimento. Por quê? Porque se você pegar as pessoas que são apenadas com julgamentos, essas pessoas que o crime maior que possa acontecer com contra alguém é o crime contra a vida. E quando se condena alguém com o crime contra a vida, são 12 anos, 14 anos, e com 4, ou 5 anos eles estão em liberdade novamente. Então é uma lei que termina não sendo motivo de impedimento, porque sabe que com três, quatro, cinco anos está de volta, às vezes para cometer os mesmos crimes. E às vezes continuam liderando o crime organizado de dentro da presídios", lamentou.

Para o parlamentar, não é somente com policiamento que as coisas mudarão. "É ilusão você achar que combate o crime organizado só com polícia. Quando você chama a polícia é porque tudo falhou. É a falta de moradia, é a falta de saneamento básico, é a falta de educação, é a falta de remédio, é a falta de cultura, é a falta de emprego. Tudo isso gera a essa violência. São políticas de segurança pública que fazem com que o crime não comece lá atrás. E isso os municípios são os maiores responsáveis pela execução dessas políticas públicas, os senhores prefeitos, que infelizmente não fazem", argumentou.

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