Lei dos agrotóxicos: 450 pessoas assinam nota em apoio ao ex-deputado João Alfredo
A matéria foi aprovada no último dia 19 de dezembro, e foi a causa de sequentes embates na Assembleia Legislativa
Mais de 400 personalidades cearenses assinaram nota em apoio ao superintendente do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), o ex-deputado estadual João Alfredo (Psol), após ele se posicionar contra o Projeto de Lei (PL) 1075/23 de autoria do deputado estadual Felipe Mota (União Brasil), que permite o uso de drones para a pulverização de agrotóxicos no Estado.
Ao todo, 450 pessoas assinaram a nota, principalmente pessoas ligadas a universidades e movimentos sociais. Eles avaliam que “o ataque direto ao superintendente do Idace, João Alfredo Telles Melo, é uma demonstração violenta de intolerância”. As assinaturas para o documentos começaram no mesmo dia da aprovação da matéria, sendo o documento tornado público nesta segunda-feira, 6.
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O PL foi aprovado com 22 votos a favor e nove contra, em 19 de dezembro, e teve o apoio do governador Elmano de Freitas (PT). O tema foi a causa embates calorosos na Assembleia Legislativa.
A nota é uma resposta ao discurso do deputado Felipe Mota, que usou a tribuna um dia antes da aprovação da pauta para criticar e desafiar João Alfredo, por ele ter se manifestado contra a proposta
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"Agora já te digo, João Alfredo, na primeira que tu quiser enfrentar o agronegócio eu coloco 400 tratores na frente do Idace pra ver se tu sai de dentro. É assim que tu quer? Enfrentando o agronegócio? Nós estamos aqui pra brigar, mas estamos aqui pra dialogar", declarou.
"Eu quero é ver se tu é homem e entrega o teu cargo hoje, João Alfredo. Agora se tu não entregar(o cargo) nós vamos entupir de trator na frente do Idace para ver se tu aguenta", completou.
Confira a nota na íntegra:
O trabalho que hoje é desenvolvido pelo Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) com ampla participação dos povos do campo, de comunidades tradicionais, pesqueiras, e forte engajamento dos seus servidores e de suas servidoras, em parceria profícua com a comunidade científica do estado do Ceará, não se ameaçado por uma fala autoritária, que desconhece a realidade da maioria das pessoas que habitam o campo e que zomba da necessidade de construirmos saídas de sustentabilidade para a crise ambiental e social que nos assola.
O ataque direto ao superintendente do Idace, João Alfredo Telles Melo, é uma demonstração violenta de intolerância. Configura-se em um ataque a um trabalho reconhecido na construção do bem viver em nosso estado. João Alfredo possui uma trajetória exemplar de luta pela reforma agrária e, sob sua gestão, o órgão ganhou contornos de um novo tempo que almeja efetiva governança das terras e do meio ambiente. A quem isto incomoda?
As ameaças grotescas realizadas na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) por um deputado, que mancha sua função pública, que deveria zelar pelo bom debate democrático, não devem ser esquecidas, e sim respondidas. Se 400 tratores do agronegócio, que defendem a pulverização de venenos, por drones ou aviões em terras e gentes vierem intimidar o trabalho realizado hoje no Idace, responderemos também com ruas cheias de gente – docentes, estudantes, pesquisadores(as), trabalhadores(as) da agricultura, camponeses, quilombolas, indígenas, ciganos. E assim será mais uma vez revelado quem têm construído saídas coletivas para o povo cearense.
Não aceitaremos a visão preconceituosa sobre o papel histórico dos movimentos sociais na transformação da vida dos que trabalham com a terra e dos que são guardiões da biodiversidade.
Assinam esta nota trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade que repudiam a truculência e trabalham para a construção do conhecimento necessário no enfrentamento dos desafios socioambientais do Brasil.
Fortaleza, 19 de dezembro de 2024