Quem é Braga Netto, primeiro general quatro estrelas preso no Brasil
Walter Braga Netto foi ministro chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro e candidato a vice na chapa do ex-presidente em 2022. Neste sábado, foi preso por trama golpista
Walter Souza Braga Netto foi preso na manhã deste sábado, 14, no Rio de Janeiro em operação da Polícia Federal (PF) por investigações de uma trama que articulava um golpe de Estado que impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o assassinato de autoridades. Ele estaria atrapalhando a instrução do processo, portanto foi detido preventivamente.
A PF ainda cumpriu dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra investigados pela tentativa de golpe que estariam atrapalhando a produção de provas durante todo o processo penal.
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Pela primeira vez, um general Exército quatro estrelas é preso no Brasil. No período da Ditadura Militar, militares do mesmo posto foram no máximo mandados para a reserva.
Braga Netto é apontado pela PF como "figura central" da trama golpista, intitulada Punhal Verde e Amarelo. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também é um dos investigados por estar envolvido e ter dado o aval.
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Quem é Braga Netto
Natural de Belo Horizonte, Braga Netto tem 67 anos e participou da Academia Militar das Agulhas Negras. O mineiro chegou a se portar general do Exército, o maior posto da hierarquia das Forças Armadas quando não há guerra.
Ele ganhou destaque a partir de 2016 quando foi um dos coordenadores da segurança durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e comandante Militar do Leste até 2019, quando recebeu a função de chefiar o Estado-Maior do Exército.
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No início do Governo do então presidente Jair Messias Bolsonaro, Braga Netto se tornou ministro da Casa Civil e ainda durante a gestão também assumiu o comando do Ministério da Defesa. Nas eleições de 2022, o militar foi candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Bolsonaro. Lula e Geraldo Alckmin (PSB) foram eleitos.
Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou por cinco votos a dois o ex-presidente e Braga Netto inelegíveis por oito anos por abuso de poder político e econômico nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil em 2022.
Investigado pela PF
A PF aponta o militar como um dos principais articuladores do plano golpista. De acordo com as investigações, o general participou do planejamento da prisão e aprovou a trama de assassinato de Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Braga Netto foi citado 98 vezes no relatório entregue a Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi indiciado, juntamente de Bolsonaro e mais 36 acusados por três crimes - tentativa de abolição do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.