Bolsonaro reforça apoio à pré-candidatura de Ramagem; aliados falam em desgaste
Apesar da declaração, o apoio do ex-presidente a Ramagem estaria estremecido, conforme aliados
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou apoio à pré-candidatura de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro neste ano. Declarações ocorrem em meio a hipóteses de desgaste e até substituição, provocadas pela existência de um áudio de posse da Polícia Federal. Na gravação, Bolsonaro e Ramagem supostamente discutem interferência no caso das "rachadinhas" que envolvem o senador Flávio Bolsonaro (PL).
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Bolsonaro confirmou presença em eventos na capital carioca na próxima semana, onde Ramagem concorre ao executivo municipal. “Estarei no Rio de quinta a sábado da próxima semana. O Ramagem estará comigo”, afirmou o ex-presidente na manhã desta sexta-feira, 12, à CNN.
Apesar da declaração, o apoio do ex-presidente a Ramagem estaria estremecido, conforme aliados. O próprio Bolsonaro teria ficado furioso com a existência da gravação, segundo coluna de Bela Megale no jornal O Globo. O ex-presidente teria questionado, aos gritos, “como um chefe da Abin grava um presidente?”.
Além disso, em confidencialidade ao blog de Octavio Guedes, no g1, aliados de Bolsonaro citaram até substituição de Ramagem no Rio. Uma fonte chamou o ex-diretor de “fraco eleitoralmente”. "Estava difícil carregar uma candidatura dessas contra o Paes. Com esse tombo, então, não dá mais”, disse.
"Bolsonaro não esperava. Está achando que Ramagem ia usar a gravação para fazer algum tipo de chantagem", completou uma fonte que conversou com o ex-presidente nesta quinta e sexta-feira.
Na contramão, o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, disse que a candidatura de Ramagem “vai até o fim” e alegou perseguição.
“Isso é uma perseguição a Ramagem e a Bolsonaro. Essa é a posição do Jair e do Flávio. Já existia um boato de que isso iria acontecer para prejudicar a candidatura. É um absurdo esse vazamento num inquérito em que Ramagem não foi ouvido”, disse o deputado. Informação também é de Octavio Guedes.
Flávio Bolsonaro vincula investigação à campanha de Ramagem no Rio
Quem estaria atuando para amenizar a situação entre o ex-presidente e o ex-diretor da Abin seria o próprio assunto do áudio: o filho 01 do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL).
Em vídeo, Flávio disse que o caso das "rachadinhas" nada “tinha a ver” com as investigações da Abin e que não ia aceitar que um caso, no qual alega ter sido “vítima”, fosse usado contra ele.
"Parece que tinha uma força-tarefa do crime dentro da Receita contra mim. Isso tudo não tem absolutamente nada a ver com a minha defesa jurídica na época, que diz respeito a questões processuais, nada de mérito, e que foram reconhecidas pela Justiça, e o processo acabou. Portanto, nada a ver com qualquer coisa da Abin. Agora, eu não posso correr atrás dos meus direitos de vítima que eu fui, de criminosos de dentro da Receita, e isso é usado contra mim? Faça-me o favor, isso eu não vou aceitar", afirmou Flávio.
O que se sabe sobre o áudio de Bolsonaro e Ramagem
A gravação remonta a um encontro realizado em agosto de 2020, também com a participação da advogada de Flávio. A conversa citou os auditores da Receita responsáveis pelo relatório de inteligência fiscal que baseou a investigação do caso Queiroz.
O relatório da PF cita a duração de 1 hora e 8 minutos, possivelmente gravada por Ramagem, que aponta que os três discutiram possibilidades de abertura de procedimentos contra auditores da Receita Federal que investigavam Flávio. A gravação foi encontrada num aparelho do próprio Ramagem.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o chefe da Abin teria dito no áudio que "seria necessária a instauração de um procedimento administrativo contra os auditores da Receita, com o objetivo de anular a investigação, bem como a retirada de alguns auditores de seus respectivos cargos".
Na representação de 187 páginas pela abertura da quarta fase da Última Milha, a PF diz que Ramagem teria determinado o monitoramento dos três auditores fiscais autores do RIF.
A ação clandestina era "urgente" e foi determinada "seguindo o modus operandi da organização criminosa para descobrir podres e relações políticas dos auditores", segundo a PF.
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