O que é o Levante Popular, movimento que queimou boneco de André Fernandes

Movimento nasce da "costela" de organização idealizada por Plínio de Arruda Sampaio, ex-candidato a presidente, e de João Pedro Stédile, líder máximo do MST. Entre os atos praticados, o Levante já jogou fezes na sede da Globo

O movimento chamado Levante Popular de Juventude comandou atos de vandalismo, definidos por eles como "escrachos", contra parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foram atacados endereços ligados a oito investigados pelo oito de janeiro de 2023: Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Pedro Lupion (PP-PR), Clarissa Tércio (PP-PE), Nicoletti (União-PR) e Silvia Waiãpi (PL-AP); o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres; e Antônio Galvan, presidente da Aprosoja e um dos financiadores do 8 de janeiro, também foram alvos. 

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Em Fortaleza, o deputado federal André Fernandes (PL) teve a sede de seu escritório pichada com a palavra "golpista". Um "boneco de Judas" com o rosto do cearense foi queimado na fachada do local de trabalho do bolsonarista, já utilizado por ele como "QG do André Fernandes" durante a campanha eleitoral de 2022 à Câmara dos Deputados. Os atos ocorrem quando o Golpe Militar (1964-1985) no Brasil completa 60 anos.

Os atos, portanto, fazem menção ao golpe que foi perpetrado há seis décadas e, ao mesmo tempo, relembram a tentativa frustrada de golpe pela qual o Brasil passou, com ápice em 8 de janeiro de 2023, quando os prédios dos Três Poderes constituídos foram atacados em Brasília numa intentona de apoiadores de Bolsonaro. Os eleitores do candidato derrotado em 2022 eram desejosos da manutenção do capitão reformado do Exército no Poder, ainda que à revelia do resultado das urnas brasileiras, a partir das quais Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, foi eleito.

O Levante Popular da Juventude é oriundo da Consulta Popular, movimento idealizado em 1997 pelo ex-candidato a presidente Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014); por João Pedro Stédile, presidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organização ligada ao Partido dos Trabalhadores; e pelo cientista político e ex-guerrilheiro César Benjamin — este, curiosamente, ex-secretário de Educação de Marcelo Crivella, conservador bolsonarista, na Prefeitura do Rio de Janeiro (2016-2020).

A Consulta Popular se constituiu da junção de 350 movimentos populares brasileiros. A organização política era ligada à Via Campesina, mobilização internacional de camponeses composta por movimentos sociais e organizações de todo o mundo contra o agronegócio e o modelo industrial alimentar, considerado por eles prejudicial aos recursos naturais e aos trabalhadores, explorados nestes ambientes. Em 2005, conforme o site do próprio Levante, a Consulta Popular resolve em assembleia nacional que a juventude trabalhadora e principalmente periférica necessita ser organizada politicamente.

O núcleo inicial que se traduziria adiante no Levante era constituído por membros da Pastoral da Juventude Rural, do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD) e por membro do MST, além de um universitário. Em um dos encontros, no Morro da Cruz, no Rio Grande do Sul, batiza-se o movimento com o nome de Levante Popular da Juventude. Em 2006, a organização realiza o primeiro acampamento. Em 2011 e 2012, o Levante Popular da Juventude começa um movimento de nacionalização.

Há 12 anos, em 2012, mais de mil jovens de 15 estados se encontraram em Santa Cruz do Sul para novo acampamento. Firmaram a construção do Levante como organização nacional. Consolidaram a máxima instância do movimento, sua coordenação nacional. De lá para cá, o movimento comandou atos de constrangimento públicos e violência verbal contra personagens como Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha e Michel Temer, e jogou fezes na Rede Globo de Televisão, em 2013, por exemplo.

Também "escrachou" torturadores da ditadura militar nunca punidos. Em um dos mais recentes atos, incendiou pneus e bloqueou o tráfego diante do quiosque Tropicália, na avenida principal da Barra da Tijuca, para protestar contra o espancamento até a morte do imigrante congolês Moïse Kabagambe.

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