Morte de Castello: equipe do O POVO foi 1ª a chegar ao local do acidente; fotos foram confiscadas

Primeiro presidente da ditadura militar, Castello Branco morreu em um acidente aéreo controverso, em julho de 1967, quando voltava de Quixadá para Fortaleza

No próximo domingo, o golpe militar de 1964 completa 60 anos. A insurreição armada levou ao poder o marechal cearense Humberto de Alencar Castello Branco, personagem do filme Castello, o ditador, produção original do O POVO+. Ele morreu três anos e três meses depois, em acidente aéreo que ainda hoje levanta especulações e suspeitas. A equipe do O POVO foi a primeira a chegar ao local do acidente (hoje na região do bairro José Walter).

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O fotógrafo Manuel Cunha registrou soldados retirando corpos da aeronave que pouco ainda havia tocado o solo. Ele flagrou o momento em que Humberto Castello Branco e o irmão Cândido eram carregados.

No entanto, militares forçaram o fotojornalista a entregar o filme utilizado para registrar as imagens. Havia dois rolos com as fotografias, Cunha entregou um deles — sem saber qual — e guardou o outro. O registro do rolo que ficou sob a posse do O POVO mostrava o corpo do irmão de Castello.

Nele, é possível ver o soldado Francisco Uchôa carregando Cândido nas costas. Já o rolo com as fotografias do corpo do ex-presidente Castello Branco, que acabou confiscado pelos militares, nunca foi devolvido. Ainda hoje não se sabe o que ocorreu com o material, se foi destruído, se perdeu-se com o tempo ou se ainda está armazenado sob posse dos militares.

Quase 60 anos após o acidente, as apurações e depoimentos apontam para erro humano. No entanto, nunca houve pessoas, de fato, apontadas como culpadas ou responsabilizadas.

Especial do O POVO produzido em alusão aos 50 anos do acidente reuniu informações e publicações mostrando entrevista com Emílio Celso de Moura, copiloto da aeronave, que em junho de 2004 culpou a FAB e o Controle do Tráfego pelo acidente.

Antes, na edição do O POVO de 18 de julho de 1997, aniversário de 30 anos do acidente, ele havia dito que não invadiu a área dos jatos, mas descartou a possibilidade de atentado devido a detalhes, como pequenos atrasos e imprevistos que minariam qualquer possibilidade de ação premeditada.

Já o local da queda do avião ficou abandonado por mais de uma década, até que em 1983, o então prefeito de Fortaleza, César Cals Neto, e o governador Gonzaga Mota, inauguraram um monumento, em pedra de mármore com uma placa, que demarcava o local exato. Uma lembrança da história, que pouco tempo depois, cairia novamente no costume de abandono e esquecimento.

Décadas mais tarde, em 2014, trabalhadores removeram o monumento de mármore em alusão ao acidente de Castello Branco, durante a escavação da barragem do Cocó, no Bairro José Walter. A ação foi tomada por puro desconhecimento do que se tratava aquela peça, que já estaria sem a placa quando foi descoberta e removida em meio a vegetação.

Documentário

Humberto de Alencar Castello Branco foi o primeiro militar a comandar o Brasil após o golpe de 1964. O POVO lançou o filme: "Castello, o ditador". A obra conta como o cearense, tido como moderado, foi responsável por instalar a ditadura militar no país e possibilitar a continuidade do regime por mais de duas décadas.

No ano em que o golpe militar completa 60 anos, o filme traz de volta a memória da ditadura e mostra como Castello Branco influenciou o destino do país e a vida de cearenses que resistiram ao regime.

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