Deputado investigado pela PF "recebeu" 2ª dose da vacina de Covid-19 antes da 1ª
Cartão de vacinação indica que, enquanto a segunda dose foi tomada em fevereiro de 2021, a primeira teria sido recebida apenas cinco meses depois. Além dele, foram indiciados nomes como o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, a Polícia Federal indiciou outras 16 pessoas por fraude nos cartões de vacinação da Covid-19. Dentre os alvos, está o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) que, conforme consta no documento de vacina, teria recebido a segunda dose do imunizante antes mesmo da primeira.
O cartão foi apreendido na residência do deputado durante operação da PF. Nele, a primeira dose consta como tendo sido recebida no dia 13 de julho de 2021, enquanto a segunda data de 12 de fevereiro do mesmo ano, ou seja, aplicada cinco meses antes.
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Foram constatadas outras irregularidades como o registro da terceira dose, anotado “fora do local adequado, de forma amadora”; inconsistências no número do lote de vacinas; além do fato de que, em uma das datas que teria tomado a vacina em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Gutemberg estaria comprovadamente em Brasília/DF, “no exercício de sua atividade parlamentar na Câmara dos Deputados."
O documento apreendido foi o mesmo encaminhado pelo o deputado para duas funcionárias da Prefeitura de Duque de Caxias. São elas: Cláudia Helena Acosta, servidora da prefeitura, e Célia Serrano, então funcionária da Secretaria Municipal de Saúde e depois secretária. Ambas também foram indiciadas.
Elas teriam sido responsáveis pela divergência das informações do cartão físico e do registrado no sistema do Ministério da Saúde. Na versão digital, a segunda dose foi alterada para o dia 12 de fevereiro de 2022, por Cláudia, para, segundo apurado pela PF, "não gerar inconsistência nos registros".
Por fim, foram acrescentadas outras duas doses do imunizante, aplicadas em Gutemberg, da Pfizer. As informações da “aplicação da vacina” foram repassadas por Serrano à Cláudia, que respondeu momentos depois com uma imagem dos registros no sistema oficial.
O deputado é indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações públicas e associação criminosa. Em resposta, ele afirmou que não irá se manifestar até “que sua defesa tenha acesso integral ao processo”.
Bolsonaro é indiciado pela PF por ordenar fraude em cartão de vacina
Na terça-feira, 19, a Polícia Federal indiciou 17 pessoas por suspeita de fraude na carteira de vacinação contra a Covid-19. Dentre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.
Assim como Gutemberg Reis, a PF imputa a Bolsonaro e Cid os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.
A cidade de Duque de Caxias (RJ) seria a base dessa "estrutura criminosa", usada para que aliados de Bolsonaro "pudessem burlar as regras sanitárias impostas na pandemia e por outro lado, manter coeso o elemento identitário do grupo em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19".
O caso segue agora para o Ministério Público Federal, a quem cabe analisar se oferece denúncia (acusação formal) à Justiça para abertura de ação penal. O parecer deve ser dado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, deu 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre o relatório da PF.
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