Marta Suplicy almoça com Boulos e PT executa operação para diminuir resistência à ex-petista

O plano, elaborado por diferentes lideranças do partido, consiste em utilizar as redes sociais para publicar manifestações ou declarações públicas em apoio à volta de Marta ao PT

A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, almoça neste sábado com o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) para discutir as eleições municipais de 2024. Na última segunda-feira, 8, a ex-petista aceitou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser candidata a vice-prefeita da capital Paulista na chapa de Boulos.

A articulação, no entanto, é vista com desconfiança por militantes do Partido dos Trabalhadores (PT). A legenda colocou em prática uma operação cujo objetivo é diminuir a resistência ao retorno de Marta ao partido, tanto entre a militância como entre alguns dirigentes, em especial os de São Paulo.

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O plano, elaborado por diferentes lideranças do partido, consiste em utilizar as redes sociais para publicar manifestações ou declarações públicas em apoio à volta de Marta ao PT, legenda que ela ajudou a fundar e da qual integrou até 2015, quando migrou para o MDB.

Atualmente, Suplicy está sem partido.

A operação também pretende sinalizar aos dirigentes do PT de São Paulo, em especial àqueles que desejam disputar cargos nas próximas eleições, que Marta não vai furar a fila. Isso porque, sendo uma figura política com projeção e com voto, o retorno dela ao partido poderia significar que passaria na frente de nomes que aspiram a disputa para o Senado ou para o Governo do Estado, por exemplo.

A movimentação, que tem o consentimento de Lula, tem como base a decisão do PT de não lançar um candidato cabeça-de-chapa e apoiar Boulos, que no ano passado fortaleceu a candidatura de Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda.

A resistência à volta de Marta dentro da militância do partido é avaliada por alguns como algo persistente. Suplicy foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff e a favor da reforma da Previdência. Ela estreitou laços com tucanos quando entrou na gestão de Bruno Covas.

Além disso, ela se tornou uma espécie de adversária de Dilma, mesmo quando ainda estava no PT. Marta chegou a planejar uma campanha de apoio ao lançamento do nome de Lula como candidato em 2014, inviabilizando a candidatura à reeleição de Dilma, isso porque ela avalia que a gestão Rousseff não havia funcionado. A articulação gerou um ponto de colisão entre ela e a ex-presidente.

Por este motivo, parte da militância tem resistência ao nome de Marta. Contudo, a ex-prefeita tem e sempre teve uma boa relação com Lula, mesmo enquanto o petista estava preso. Ela escrevia ao presidente.

Por outro viés, Lula demonstra grande preocupação com São Paulo e sabe que a eleição municipal tem impacto na eleição nacional em 2026. A avaliação é de que Marta pode colaborar trazendo um eleitor diferente daquele que vota em Boulos, que hoje é forte entre os formadores de opinião, mas não tem votos robustos na periferia.

Marta aceita ser vice de Boulos após diálogo com Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve reunido na última segunda-feira, 8, com a ex-prefeita de São Paulo e ex-petista Marta Suplicy (sem partido) para convencê-la a aceitar ser candidata a vice-prefeita da capital Paulista na chapa de Guilherme Boulos (Psol). Suplicy aceitou a proposta.

Após a reunião, o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) afirmou que o “caminho está posto” para que a ex-ministra retorne ao Partido dos Trabalhadores (PT). Falcão participou do diálogo, que ocorreu no Palácio do Planalto.

Marta, que foi gestora municipal de São Paulo entre os anos de 2001 e 2004, negocia o retorno ao PT desde o ano passado. A ex-ministra deixou a legenda em 2015, após 33 anos de filiação ao partido pelo qual foi prefeita, deputada, senadora e ministra da Cultura e do Turismo.

Para integrar a legenda novamente, Marta deve deixar o cargo que ocupa na prefeitura de São Paulo. Atualmente ela é secretária de Relações Internacionais do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição e enfrentará Boulos na eleição de outubro.

Ao canal CNN, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) analisaram que Ricardo Nunes errou ao manter Marta no cargo e consideram que a relação de proximidade dela com Lula “estava evidente”. Em dezembro, por exemplo, o petista convidou a ex-prefeita para participar de um café da manhã com catadores de lixo em São Paulo, e ela compareceu.

As fontes afirmaram ainda que Nunes não tem como “posar de marido traído” por conta do novo encontro dela com Lula e que a narrativa de traição não “vai colar”, uma vez que demonstraria fraqueza por parte do atual gestor municipal.

Atuação de Marta na eleição anterior

Na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 2020, Marta Suplicy fez campanha ao lado de Bruno Covas (PSDB) e seu vice, Ricardo Nunes. A chapa Covas-Nunes foi eleita com 59,38% dos votos válidos, enquanto a chapa de Guilherme Boulos (Psol) e Luiza Erundina (Psol) recebeu 40,62% no 2º turno.
Ricardo Nunes assumiu a prefeitura de São Paulo em 2021, quando Bruno Covas faleceu em decorrência de um câncer.

Confira quem são os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo

Faltando menos de um ano para as eleições municipais de 2024, a cidade de São Paulo já possui quatro nomes principais para a disputa eleitoral. O deputado federal Ricardo Salles (PL) chegou a ser cotado para a corrida, contudo, em junho do ano passado o parlamentar afirmou que estaria desistindo da candidatura.

Logo após a declaração de Salles, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, articula um eventual apoio à candidatura do atual gestor do município paulista, Ricardo Nunes (MDB). Bolsonaro afirmou, ainda no ano passado, que pretende apoiar o prefeito, contudo, a decisão será dada pelo presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

“Quem vai dizer não sou eu, é o presidente nacional do partido (Valdemar Costa Neto). Eu sou o presidente de honra. Combinamos com o presidente que, se tiver um candidato nosso com chance de liderar, nós vamos [com candidatura própria]. Até o momento, não apareceu. Com todo respeito ao Ricardo Salles. Há uma tendência de ficar com o Ricardo Nunes. Está batido o martelo? Não está”, afirmou Bolsonaro.

O Partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, afirmou que apoiará a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) à prefeitura de São Paulo. Conforme pesquisas internas de pré-campanha divulgadas pela CNN, Boulos é o candidato favorito para as eleições de 2024.

Os dados apontam que Boulos tem uma taxa de rejeição menor se comparada à do atual gestor da cidade paulista. Apenas 26% dos eleitores não votariam em Boulos de jeito nenhum, enquanto, para Nunes, o número sobe para 34%.

Pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo

  • Guilherme Boulos (Psol)
  • Ricardo Nunes (MDB)
  • Astronauta Marcos Pontes (PL)
  • Tábata Amaral (PSB)
  • Kim Kataguiri (União)

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