Clube Militar do Rio ignora orientação do Ministério da Defesa e comemora golpe de 64
Militares em ativa e convidados pagaram R$ 90 de entrada para almoço em comemoração ao dia 31 de março de 1964, dia do golpe militarUm almoço em comemoração ao golpe militar de 1964 ocorreu nesta sexta-feira,31, no Clube Militar do Rio de Janeiro, mesmo após as orientações do Ministério da Defesa de não celebrar a ditadura no Brasil.
O evento foi organizado "com a finalidade de comemorar o 59º aniversário do movimento democrático de 1964", segundo funcionários do local. A festa até cobrou entrada: já incluindo comes e bebes, o ingresso foi de R$ 90 para sócios e convidados.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Um oficial da reserva da Aeronáutica esteve no evento e não quis se identificar. Segundo pessoas do local, ele é associado à instituição há mais de 50 anos e sempre participa dos eventos do Clube.
No evento, um dos participantes gritou: "Vamos comemorar o 31!". Outro não se incomoda de participar de uma "celebração": "Na verdade não foi ditadura, né, isso é o nome que deram", diz ele.
As informações são do Uol. O almoço foi realizado no ginásio com capacidade para 300 pessoas, entre militares da reserva, da ativa e convidados. O coronel Ivan Cosme, diretor de comunicação social do Clube Militar, afirmou que o almoço em comemoração ao golpe é uma tradição "que não será rompida".
Antes de iniciar o almoço em si, o presidente do Clube ainda leu uma nota assinada pelos presidentes do Clube Militar, do Clube de Aeronáutica e do Clube Naval. O discurso incluiu termos como: "contrarrevolução de 31 de Março". O presidente ainda afirmou que os clubes e as Forças Armadas se vinculam para que o dia "permaneça vivo na História".
Outros militares que estavam no local afirmaram também: "A gente comemora como algo que preservou a democracia e foi muito importante para nos livrar de uma revolução comunista. Talvez você não estivesse aqui agora me fazendo perguntas se o 31 de março não tivesse acontecido", disse.
As Forças Armadas não deveriam divulgar a ordem do dia ou nota oficial sobre a ditadura no aniversário do golpe, segundo o ministro José Múcio Monteiro. Segundo o general Tomás Paiva, comandante do Exército, os oficiais que participaram da comemoração serão punidos.
Ao ser questionado pela reportagem sobre as orientações do Ministério da Defesa, o coronel Ivan Cosme, diretor de comunicação social do Clube Militar, deu de ombros. "O clube é uma entidade civil, nós não devemos nenhuma satisfação ao ministério", disse ele. "Para nós isso (a orientação) é letra morta, no sentido de que não temos que obedecer o Ministério da Defesa."