Hacker da "Vaza Jato" confirma plano para clonar chip de Moraes
Delgatti admite que presta serviços para a deputada federal Carla Zambelli
O hacker Walter Delgatti Neto, pivô da série de reportagens "Vaza Jato", confessou tentativa de acessar dados do celular do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com o intuito de clonar o chip e acessar os emails do magistrado.
De acordo com gravações divulgadas pelo site The Brazilian Report, Delgatti dialogou com uma pessoa a respeito da proposta, e admitiu estar disposto a pagar R$ 10 mil pelo favor. “Aí, tipo, tem um pessoal que vai pagar aqui por trás e eu consigo te dar aí uns 10 K [10 mil reais]. Fácil”, declara Delgatti no áudio. Ao veículo, confirmou a procedência da gravação.
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O hacker acrescentou que, desde o segundo semestre do ano passado, presta serviços à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), e ficou responsável por administrar as redes sociais e um site para bolsonaristas. Delgatti alegou que a deputada não tinha participação no plano para roubar dados de Moraes.
“O pessoal da esquerda que me ajudava parou de me ajudar e eu falei: ‘Carla, me ajuda aí, me dá um emprego’. E ela falou: ‘beleza, tenho um contrato aqui com o pessoal que cuida do site e das redes sociais que vai encerrar e, se você cobrir o valor, eu te contrato’. E foi isso. Eu presto serviço pra ela direitinho, tem tudo detalhado”, esclareceu.
O nome de Walter ficou conhecido após a série de reportagens “Vaza Jato”, na qual divulga conversas realizadas por meio do aplicativo Telegram entre o então juiz Sergio Moro (União Brasil) e o Deltan Dallagnol (Podemos), que coordenava a Lava Jato em Curitiba.
Durante a semana passada, o nome de Walter voltou a ser citado nos noticiários. Os boatos que circulavam apontavam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia contratado o hacker para grampear ilegalmente o celular de Moraes. O plano estava sendo elaborado desde setembro de 2022, segundo a revista Veja.
Delgatti também está envolvido na invasão dos sistemas do Conselho de Justiça Federal, realizada em janeiro, criando um mandado de prisão falso contra Moraes. O documento falso alegava que o próprio ministro havia solicitado o pedido de detenção.
O envolvimento de Delgatti com Bolsonaro antecedeu o suposto plano golpista elaborado pelo ex-presidente e pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). A proposta golpista teria sido relatada em dezembro ao parlamentar, que prestou depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira, 2. Do Val alega que a ideia era gravar ilegalmente o ministro para viabilizar a prisão de Moraes e o êxito de um golpe de Estado.