Para fugir de crise humanitária, Yanomamis peregrinam por comunidades em busca de comida
De acordo com os andarilhos, a caminhada pela floresta pode durar de 15 a 20 diasDesnutrição grave, infecções respiratórias e malária foram motivos para que indígenas do território Yanomami caminhassem por 20 dias em busca de alimentos e melhores condições sanitárias.
Na tarde deste domingo, 29, uma moradora da região de Surucucu chegou ao hangar da empresa Voare Táxi Aéreo, localizada em cidade vizinha a Boa Vista (RR). Por não conseguir andar, a mulher, identificada como Lina, teve que ser carregada por um profissional de enfermagem.
A princípio, a indígena acompanhava outro morador da comunidade de Surucucu, no entanto, devido ao estado em que se encontrava, Lina teve de ser levada a um hospital da cidade por meio de transporte aéreo. A indígena, que não teve a idade revelada, foi diagnosticada com desnutrição grave e malária. Ao explicar os fatores que causaram a doença, Lina pontua a “fome, pouca comida e malária” como as responsáveis pelo diagnóstico.
A região de Surucucu, onde Lina reside, é a mais afetada pela crise e pelo garimpo ilegal do ouro. Reportagem do Fantástico, que foi ao ar neste domingo visitou a região, mostrando o drama da população sem acesso a alimentos e atendimento médico. A indígena relatou aos agentes de saúde que os moradores do local são andarilhos que caminham cerca de 20 dias em busca de alimento. “A gente vai até as outras comunidades atrás de comida. Muita gente em estado grave de saúde vai ficando para trás, a gente não sabe se morreu ou não”, explicou.
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AssineNo dia 20 de janeiro, o presidente Lula(PT) declarou estado de emergência na região, e em decorrência disso, uma unidade de atendimento à população foi instalada no território. Todavia, devido às demandas urgentes, a DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami, em parceria com o Ministério da Saúde, contratou a empresa Voare Táxi Aéreo para a locomoção dos pacientes e seus acompanhantes aos hospitais da cidade.
Na manhã desta segunda-feira, 30, o presidente Lula se reuniu com ministros e declarou que a prioridade no momento é o abastecimento de água e comida e a limitação de acesso ao território. O presidente acrescentou que é necessário barrar o transporte fluvial e aéreo que abastecem o garimpo ilegal e atividades criminosas na região.
“As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região, buscando não apenas impedir as atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças”, pontuou.
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