Capitão Wagner defende voto impresso citando Tebet e Ciro Gomes

Para Capitão Wagner, líder da oposição no Ceará, impressão do voto garantiria eleições transparentes

Candidato derrotado ao Governo do Ceará, o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) defendeu o voto impresso apoiado em falas de lideranças de direita, centro e centro-esquerda, como a senadora Simone Tebet (MDB-MS), o ex-senador Roberto Requião (PT-PR) e até mesmo o adversário local e ex-governador Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado à Presidência em 2022.

A defesa do voto impresso foi bandeira do candidato derrotado à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL), para quem o sistema eletrônico de votação, vigente no Brasil desde 1996 e ao qual ele sempre se submeteu, é passível de fraudes. A derrota para Lula foi a primeira na trajetória política do capitão da reserva do Exército.

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Na publicação, Wagner argumenta: "A impressão dos votos nas eleições foi aprovada há 13 anos pelo Congresso. Em 2011, o STF derrubou. Em 2015, Dilma vetou. Em 2021, assistimos ao STF censurar a discussão sobre o voto impresso. Qual é o problema, quando o objetivo é a segurança e transparência do processo eleitoral?" O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), colocou a PEC do Voto Impresso em votação em 2021 e afirmou que ouviu de Bolsonaro que aceitaria o resultado do plenário da Casa.

Wagner compartilha um vídeo no qual Ciro Gomes, então candidato a presidente em 2002, afirma ao Canal Livre, programa de entrevistas da TV Bandeirantes: "Não é que eu prefira papel, mas você pode adaptar a urna eletrônica. Já existe uma solução tecnológica em que você, do lado da urna que está aí, você agrega um rolinho, tipo de máquina registradora, em que o voto sai impresso e, uma vez confirmado, você corta e aquilo cai numa 'urninha' pequena e já fica o voto ali. Se houver, dúvida, você abre aquilo ali e conta.” Ciro aparece em outro trecho do vídeo, agora em 2021, em que levanta os mesmos argumentos, em entrevista ao canal de jornalismo MyNews, no YouTube.

Não há qualquer evidência de que a eleição de 2022 foi fraudada, como mostra o relatório entregue pelo ministro da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O PL pede anulação de mais da metade dos votos depositados em alguns modelos de urnas eletrônicas. Moraes rejeitou a ação e ainda multou o PL em R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé. 

PDT, voto impresso e caso Proconsult

O pedetistas em geral e Ciro Gomes em particular destacam que a defesa do voto impresso é anterior ao bolsonarismo. Ao falar sobre o tema, Ciro diz que confia nas urnas, mas as compara à "mulher de César", a quem, segundo dito popular, não basta parecer honesta, tem de parecer ser honesta.

A defesa da impressão do voto, no caso trabalhista, surge com Leonel Brizola, líder máximo da legenda, e o chamado Caso Proconsult. A distensão da ditadura militar (1964-1985) deu passo efetivo em 1982, com a primeira eleição direta para governadores.

O voto era em cédula, mas a Prosconsult era a empresa responsável pela informatização da fase final da apuração. Haroldo Lobão, ex-chefe do Centro de Processamento de Dados (CPD) do Exército, era o responsável técnico da empresa. Na maioria dos estados brasileiros, a responsável pela apuração foi a Serpro, empresa estatal.

Apuração do Jornal do Brasil mostrou haver esquema para favorecer o candidato dos militares, Moreira Franco, então no PDS, contra Brizola. Naquele ano, houve votação para governador, senador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador. Pelas regras válidas para aquele pleito, havia o chamado "voto vinculado". Ou seja, o eleitor deveria votar em candidatos do mesmo partido para todos os cargos.

Assim, muitos votos em Brizola eram anulados por suposta divergência, sob alegação de um suposto despreparo dos eleitores do PDT, que não teriam escolhido o pedetismo de "barba, cabelo e bigode", como definiu Brizola. Tentou-se transferir os votos que iriam para Brizola, anulados, para a contagem de Franco. A partir deste episódio, Brizola passou a defender mecanismos para impedir fraudes eleitorais.

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