Exército diz que prótese peniana mais cara evita constrangimento na hora de usar sunga ou andar de ônibus

Tribunal de Contas da União investiga o uso de dinheiro público pelo Exército na aquisição de próteses penianas em 2021. Militares argumentam ainda que prótese inflável garante melhor ereção

Dois hospitais das Forças Armadas informaram ao Tribunal de Contas da União (TCU) que compraram R$ 3,5 milhões em próteses penianas infláveis porque são mais parecidas com a “ereção fisiológica”. Conforme os militares, as próteses maleáveis, 33 vezes mais baratas e autorizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), fariam o paciente ter que “dobrar o pênis para vestir uma roupa”.

As informações foram repassadas na última semana ao órgão que investiga o uso de dinheiro público pelo Exército na compra de próteses penianas no ano passado. A apuração, relatada pelo ministro Vital do Rêgo, foi solicitada no mês passado pelo deputado Elias Vaz (PSB) e pelo senador Jorge Kajuru (Podemos).

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Nos últimos dois anos, o Ministério da Defesa efetuou a aquisição de no mínimo 170 próteses maleáveis por R$ 267,5 mil, e 60 infláveis, por R$ 3,5 milhões. A prótese maleável, autorizada pelo SUS e pela Agência Nacional de Saúde (ANS), custa 3% do que foi desembolsado pelos militares. Segundo os hospitais militares, as próteses maleáveis custaram de R$ 1.535 a R$ 1.700, ao passo que as infláveis vão de R$ 50.150 a R$ 60.717 a unidade. As informações foram divulgadas pelo jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles

Dois hospitais repassaram explicações ao TCU. O Hospital Militar de Área de Recife,
em sua defesa, argumentou que fez a implementação da prótese em dezembro de 2021 em um paciente, militar ou dependente de um militar, com diabetes e disfunção erétil grave. O indivíduo teve preferência pelo modelo mais caro. A Comissão de Ética concordou e o hospital deu aval para a aquisição.

“A prótese inflável é a prótese que mantém maior semelhança com a ereção fisiológica, pois há um mecanismo para fazer o pênis ficar ereto e voltar ao seu estado normal”, escreveu o diretor do Hospital Militar de Área de Recife, Hailton Antonio Casara Cavalcante. E continuou, referindo-se às próteses autorizadas pelo SUS:

“As demais próteses penianas, por sua vez, deixam o pênis em permanente ‘estado de ereção’, tendo o paciente que dobrar o pênis para vestir uma roupa. Tal situação pode gerar constrangimento quando o paciente for usar roupas de banho ou quando se aproximar de familiares e/ou amigos, além de outras situações de possível embaraço em aglomerações, tal qual no uso de transportes públicos”, afirmou.

O hospital Militar de Área de Campo Grande, com um discurso quase que semelhante, disse ao Tribunal que “o contexto extrapola a questão financeira (preço), sexual ou estética, preponderando a qualidade de vida da pessoa no sentido psicológico, social e de autoestima”, declarou a diretora do hospital militar em Recife, coronel Claudia Lima Gusmão Cacho.

Neste caso, o paciente tinha disfunção erétil depois de passar por uma cirurgia de câncer de próstata. A Comissão de Ética Médica do hospital também autorizou o uso do tratamento mais caro.

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