Quem é Simone Tebet, que pode virar aposta de candidatura da 3ª via a presidente

Simone Tebet foi a primeira mulher a presidir a CCJ do Senado e teve papel de destaque na CPI da Covid

A senadora do Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, é pré-candidata à Presidência da República pelo MDB. Até aqui pouco citada na corrida presidencial, ela se tornou assunto nos últimos dias diante da quase desistência de João Dória (PSDB) e a provável saída de Sergio Moro (UB) da disputa ao Planalto.

A cúpula do MDB avalia que pode estar sendo construído o cenário ideal para o fortalecimento do nome da senadora como candidata à Presidência dos partidos PSDB, União Brasil e MDB. Além disso, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sinalizou que pode compor chapa junto à senadora para disputar a Presidência. 

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Nas pesquisas de intenção de voto, o desempenho de Tebet ainda é tímido; ela aparece com uma média de 2%. A intenção de concorrer à Presidência veio após seu papel destacado na CPI da Covid, que investigou ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento à pandemia. 

 

Representante da bancada feminina na comissão, a senadora esteve presente em sessões emblemáticas e protagonizou momentos decisivos durante as oitivas, como a que recebeu os irmãos Miranda, que denunciaram escândalo de corrupção nas negociações da vacina indiana Covaxin. 

Na ocasião, Tebet foi responsável por extrair do deputado Luis Miranda o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), apontado como um dos responsáveis pelo suposto esquema ilegal no Ministério da Saúde.

Dias depois, a senadora expôs modificações grosseiras em documento apresentado pelo ex-número dois da Saúde, o coronel Élcio Franco, e pelo ministro Onyx Lorenzoni, à época da Secretaria-Geral da Presidência, para rebater as acusações de irregularidades.

A CPI da Covid, no entanto, foi apenas um dos pontos altos de Tebet no Legislativo. A senadora foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a mais importante da Casa, durante o biênio 2019-2020.

No ano de 2021, a parlamentar do RS também se consolidou como a primeira mulher a disputar a presidência do Senado. O MDB, todavia, deixou de apoiar oficialmente sua candidatura, que foi mantida de forma independente. Simone recebeu 21 votos, perdendo para o atual presidente, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que recebeu 57 votos.

Na disputa de 2022, a senadora também é a única mulher entre os quadros que se apresentam até o momento. O MDB lançou a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, em dezembro do ano passado, apostando em um diferencial. A intenção é se firmar como o primeiro grande partido, e possivelmente o único, com uma mulher nas eleições presidenciais deste ano.

A pré-candidata é tratada internamente como uma peça fundamental nos planos da sigla, que busca resistir ao governismo e recuperar protagonismo para a corrida sucessória. Ela chegou a ser cortejada por Sérgio Moro para compor sua chapa nas eleições presidenciais, mas o partido descarta aproximação com o ex-juiz.

O maior incentivador da candidatura de Simone é o presidente nacional do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP). Ele assumiu o comando da sigla em 2019, com um discurso de renovação e de reconexão com as bases.

Simone movimenta a militância do partido e representa para os segmentos temáticos o que Henrique Meirelles passou longe de significar na eleição anterior. "Simone é a candidata das massas do partido, da militância, do segmento jovem, do trabalhista, de diversidade. Meirelles foi um arranjo de última hora para justificar os avanços do governo Temer", frisou Nestor Neto, presidente nacional do MDB Afro.

Há tempos Baleia aposta em Simone. Na "super live" que fez em comemoração aos 55 anos do MDB, em março do ano passado, Baleia recebeu apenas três lideranças: ela e os ex-presidentes Michel Temer e José Sarney. "Você não é hoje presidente nacional do MDB, mas tenho muita esperança de que outra presidência chegará muito rapidamente", disse o deputado na ocasião.

Entre correligionários, a avaliação é a de que Simone ajudará o MDB, e vice-versa. A senadora está disposta a abrir mão da campanha à reeleição ao Senado, onde as pesquisas internas apontam boas chances de reeleição, em contrapartida poderá ser o novo nome do partido para futuros arranjos e influenciar os rumos da agremiação.

Por outro lado, ainda precisa superar desconfianças gerais cultivadas até entre colegas de plenário. O MDB perdeu a vocação de concorrer ao Planalto e é conhecido pelo adesismo. Depois de Tancredo Neves, em 1985, só teve a cabeça de chapa duas vezes, com candidaturas frágeis: a de Orestes Quércia, em 1994, e a de Henrique Meirelles, em 2018.

A expectativa é a de que Simone incorpore, na pré-campanha, as diretrizes do "Todos por um só Brasil", documento lançado em agosto de 2021 com as bases do que o partido quer defender em 22. Com toda sua trajetória política no partido, a presidenciável se apresenta como alguém equilibrada.

Católica, diz-se progressista nos costumes, mas é contra a descriminalização do aborto, por motivos religiosos. Tem críticas à Lava Jato, mas não é "garantista". Na economia, foi  contra a PEC dos Precatórios, batizada de "PEC do calote", e contra o esquema do orçamento secreto.

Tebet anunciou a economista Elena Landau como coordenadora da área econômica. Landau vinha conversando com a emedebista desde que a senadora tentou a presidência do Senado. A economista é defensora do teto de gastos e crítica da política econômica do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Ao se lançar na disputa, Simone Tebet fez críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e afirmou que iria montar uma equipe para desenhar um plano de desenvolvimento para o País. "Quem faz isso não é o ministro da Economia", disse, em entrevista ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, em dezembro passado.

com informações de Agência Estado

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