Na contramão da OMS, Ministério da Saúde coloca cloroquina como eficaz e vacina como não efetiva

O documento afirma que as vacinas não demonstram a mesma efetividade, contrariando, contudo, uma série de estudos e orientações sanitárias pelo mundo que demonstraram que as vacinas são seguras

Uma nota técnica publicada pelo Ministério da Saúde para barrar as diretrizes que contraindicam o uso do chamado “kit covid” classifica a hidroxicloroquina como eficaz para o tratamento contra a covid-19. De outro lado, o documento afirma ainda que as vacinas não demonstram a mesma efetividade, contrariando uma série de estudos e orientações sanitárias pelo mundo, inclusive, diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A nota é assinada apenas pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta, Hélio Angotti Neto. O texto barra as diretrizes que contraindicam o “kit covid” no tratamento ambulatorial e hospitalar da doença e outras duas normas, mantendo o País sem uma recomendação oficial de como tratar pacientes de covid com quase dois anos de pandemia.

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Na nota, o secretário apresentou uma tabela colocando a hidroxicloroquina, medicamento com ineficácia comprovada contra o novo coronavírus, em oposição às vacinas, que já se demonstraram eficientes para reduzir os casos graves e as mortes pela doença no Brasil e em outros países.

Uma das colunas indaga se há demonstração de efetividade em estudos controlados e randomizados para a covid-19. A resposta é “sim” para a hidroxicloroquina e “não” para as vacinas. A tabela contrapõe os dois métodos ao afirmar que o medicamento tem demonstração de segurança em estudos experimentais e observacionais contra a covid e que a vacina não tem a mesma resposta.

Além disso, a cloroquina teria um custo baixo sem recomendação das sociedades médicas e sem financiamento da indústria, enquanto as vacinas representariam um custo alto com financiamento da indústria e recomendação dos especialistas.

Neste sábado, médicos e médicas cearenses integrantes do Coletivo Rebento divulgaram uma nota de repúdio à insistência do Governo Federal em impor, como política pública, o uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19, o chamado kit covid — que inclui cloroquina, azitromicina e ivermectina. A manifestação ocorre após o Ministério da Saúde rejeitar as diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) de não utilização das drogas para tratamento em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) infectados com a doença.

Repercussão

O uso da tabela causou críticas nas redes sociais. O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar o incentivo ao medicamento em oposição à vacinação.

A nota cita “treze estudos controlados e randomizados com direções de efeito favoráveis à hidroxicloroquina, com efeito médio de redução de risco relativo de 26% nas hospitalizações, altamente promissor para o uso discricionário e prosseguimento dos estudos”. 

Para a falta de efetividade das vacinas, a referência citada são “dezoito ensaios não finalizados, dos quais, oito ainda em fase de recrutamento, nove ainda não finalizaram o seguimento e um finalizado, mas ainda em fase insuficiente para a avaliação de segurança, mas recomendado para ‘combate à pandemia'”.

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