Além de Lula e Dilma, veja outras pessoas com quem Ciro já brigou na política
A coleção de embates do ex-governador e pré-candidato a presidente Ciro Gomes é extensa, incluindo nomes como Fernando Collor de Melo, José Serra, Luizianne Lins e Roberto Pessoa
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) é conhecido por seu temperamento explosivo e por constantes intrigas e trocas de farpas com diferentes nomes da política. O mais recente episódio envolvendo o pedetista foi a discussão com o ex-presidente Lula (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que teve origem uma entrevista ao Estadão e como palco o Twitter, nesta quarta-feira, 13.
O histórico de desentendimentos e processos judiciais angariados por Ciro Gomes ao longo de sua carreira política, no entanto, é extenso. Em 1983, quando assumiu seu primeiro mandato para o cargo de deputado estadual pelo PDS, já iniciou no meio político se posicionando contra o governador eleito no Ceará, Luís Gonzaga Mota (1983-1987) que era parte de seu próprio partido.
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Ainda no final da década de 80, Ciro causou polêmica durante as eleições para presidente do ano de 1989. Na ocasião da disputa entre nomes como Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor (na época PRN), Ciro disse que Lula deveria ter chamado Collor de “playboy safado” e “cheirador de cocaína” durante os debates. Essas acusações renderam ao político radicado no Ceará, uma condenação por danos morais, onde precisou ter um imóvel leiloado para pagar a indenização de R$ 450 mil. O processo tramitou na Justiça por mais de 30 anos.
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Outro político que entrou na mira das discussões com Ciro Gomes, foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1997, o membro da família Ferreira Gomes havia se filiado ao recém-criado PPS para concorrer à Presidência da República em 1998, vencidas pelo tucano, ainda em primeiro turno. Durante as entrevistas da época, Gomes chegou a afirmar que havia rompido com FHC. "Tem uma pessoa com quem não converso, Fernando Henrique Cardoso", declarou ao jornal Folha de S. Paulo.
Ainda no hall de nomes do PSDB, José Serra foi um dos políticos que também teve embates com Ciro Gomes. No âmbito das eleições presidenciais de 2002, candidato pela segunda vez, Ciro proferiu ataques a Serra, publicados pelo jornal Folha de S.Paulo. Sobre a possibilidade de concorrer com o tucano, Ciro afirmou: “meu adversário é o candidato dos grandes negócios e das negociatas, da manipulação despudorada do espaço público, do dinheiro público para fins eleitorais”.
No Ceará, as desavenças de Ciro Gomes também são memoráveis. Em um episódio no ano de 2010, o então prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PSDB) chegou a registrar Boletim de Ocorrência contra Ciro, na época deputado federal. A confusão ocorreu após debate entre os candidatos ao Governo do Estado. Na briga, o parlamentar chamou Pessoa de “vagabundo” e “bandido”. Após a confusão, o prefeito alegou ter sido ameaçado por Ciro.
Em 2012, Roberto Pessoa voltou a se estranhar com Ciro Gomes. Em uma de suas declarações, chegou a recomendar que Ciro procurasse "os serviços do CAPS” para tratar supostos problemas psiquiátricos.
A ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT) também está entre as desavenças de Gomes. Ciro e Luizianne são opositores políticos desde 2008, após romperem durante as campanhas para prefeito da Capital. A petista tentava reeleição, enquanto Ciro apoiava a ex-esposa Patrícia Saboia. Na ocasião, Ciro chegou a fazer críticas à gestão de Luizianne, afirmando que a cidade havia virado “um puteiro a céu aberto”. Os atritos entre os dois não pararam por aí. Outra troca de farpas voltou a acontecer em 2015, quando o mais velho dos irmãos Ferreira Gomes chamou a ex-prefeita de “louca”, que revidou com ofensas semelhantes.
Também por declarações dadas em 2012, Ciro foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenização ao ex-governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB) por danos morais. Na ocasião, o político teria dito que, durante a campanha de 2010, Lúcio autorizou o envio de notícia falsa para a revista Veja com o intuito de prejudicar o seu irmão Cid Gomes (PDT), então governador e candidato à reeleição.
Outro alvo de Ciro Gomes foi o deputado Capitão Wagner (Pros), quando em 2013, o ex-governador acusou o na época vereador pelo PR de ser “chefe de milícias”. Por essas falas, Ciro também chegou a ser condenado a pagar indenização ao político. Ambos permanecem como desafetos políticos até os dias atuais.
No ano seguinte, 2014, Ciro se envolveu em polêmica com o então candidato a governador do Ceará, Eunício Oliveira (PMDB). No período das campanhas eleitorais, quando os Ferreira Gomes apoiaram Camilo Santana (PT), Ciro Gomes chegou a chamar Eunício de "aventureiro", "mentiroso", "pinóquio" e "petralha". A justiça condenou o ex-ministro a indenizar o ex-presidente do Senado pelas ofensas.
Outra indenização que Ciro foi condenado a pagar diz respeito a comentários ofensivos e calúnias contra o ex-vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena (PMDB), em 2015. Na época, Gomes fez postagens no Facebook contendo ofensas em relação ao rompimento do grupo dos Ferreira Gomes com o então senador Eunício Oliveira.
Já em 2016, o ex-padrinho político de Ciro Gomes, Tasso Jereissati (PSDB), também aparece como um dos envolvidos em polêmicas com o político. Em entrevista a uma rádio, Ciro chegou a acusar o senador e ex-governador do Ceará de ter mandado atirar em policiais militares e civis que participavam de greve, em julho de 1997. Atualmente, os dois se reaproximaram.
No cenário nacional, em 2010, Eduardo Cunha (PMDB), na época deputado federal, chegou a apresentar, no Supremo Tribunal Federal, queixa-crime contra o também, na época deputado, Ciro Gomes. Cunha acusou o político de difamação e injúria. Em palestra em Fortaleza, Ciro havia chamado o parlamentar de “feiticeiro da aldeia”, dentre outras ofensas.
Ainda contra Cunha, Ciro voltou a causar polêmica, em 2015, logo após se filiar ao PDT. O pedetista chamou Eduardo Cunha de “o maior vagabundo de todos”. As farpas contra o político não pararam e em outras ocasiões, Gomes chamou Cunha de “pilantra de quinta categoria que manda e desmanda na República”.
Mais um nome entre os desafetos políticos do Ferreira Gomes, é o ex-procurador da República, Oscar Costa Filho. Em 2013 Ciro chamou Costa Filho de “exibicionista, politiqueiro, irresponsável, mentiroso e tresloucado”. Na época, o procurador investigava irregularidades na Secretaria da Saúde do Ceará, quando o governador era Cid Gomes, irmão de Ciro. No caso, o Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra Ciro Gomes pelos supostos crimes de difamação e injúria.
Michel Temer (PMDB) também foi alvo de ofensas vindas de Ciro Gomes, durante o ano de 2015 no âmbito do impeachment de Dilma Rousseff. Ciro chegou a chamar Temer de “traidor, corrupto e salafrário”, bem como “capitão do golpe”. Em 2017, o pedetista também usou adjetivos como “ladrão fisiológico” e “chefe de quadrilha” para se referir ao ex-presidente. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), confirmou a condenação de Ciro Gomes na ação movida por Temer por danos morais.
No ano de 2017, o TJDF também determinou que Ciro deveria responder a um processo por difamação contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mais um no rol de desavenças do pedetista. O político de Sobral havia chamado Doria de "farsante" e o acusou de "enriquecer fortemente com dinheiro público".
Outra acusação contra Ciro Gomes ainda durante o ano de 2017, veio do então deputado federal Jair Bolsonaro (na época PSC). Durante entrevista a um programa de rádio, Ciro Gomes disse que o ex-capitão havia recebido dinheiro lavado da JBS e que ele era um “moralista de goela”. O agora presidente da República acusou o pedetista por calúnia em suas falas.
As discussões envolvendo Bolsonaro continuaram e em 2020, Ciro se referiu ao já presidente do país em uma entrevista com termos como “boçalidade” e "ladrão". Desta feita, o Ministério da Justiça pediu à Polícia Federal para abrir inquérito contra o ex-governador e ex-ministro para apurar o suposto crime contra honra do chefe do Executivo.
Quem também esteve envolvido em brigas com Ciro Gomes, foi o vereador Fernando Holiday (Novo-SP). O pedetista chamou Holiday de “capitãozinho-do-mato” em 2018. A declaração foi considerada racista e Ciro foi condenado a pagar indenização por danos morais ao vereador paulistano.
Em 2019, foi a vez de Sérgio Moro, na época ministro da Justiça e Segurança Pública. Ciro fez duras críticas ao ministro e o chamou de “capanga”. As farpas foram no contexto do motim da Polícia Militar no Ceará. “Aprende, Bolsonaro e seu capanga Moro: no Ceará está o seu pior pesadelo! Generais, aqui manda a Lei!”. Com o final do motim, Moro rebateu: “Apesar dos Gomes, a crise foi resolvida”.
Dentro do PDT, Ciro também causou polêmica ainda em 2019, no âmbito do desentendimento com a deputada federal Tabata Amaral (agora PSB-SP). A parlamentar foi contra o direcionamento da sigla e votou a favor da reforma da Previdência. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Ciro afirmou que “ninguém pode servir a dois senhores”, referindo-se aos deputados que votaram a favor da Reforma. Sobre Tabata, especificamente, Gomes questionou: “Por que ela não vai para o MBL?”.
O desentendimento entre Amaral e o presidenciável continuou, e a deputada chegou a alegar que se sentiu traída por Ciro Gomes, e afirmou que ele espalhava fake news para se eleger a presidente.
Ainda entre as confusões de 2019, Ciro também criticou os deputados Kim Kataguri (DEM-SP) e Arthur do Val Mamãe Falei (na época DEM). Gomes afirmou que o grupo MBL era uma “verdadeira facção criminosa”, e chamou os parlamentares de “canalhas”.
Em 2021, além de se desentender com Lula e Dilma, Ciro Gomes também protagonizou desavenças com outro petista, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. O político da esquerda chegou a encaixar Gomes entre políticos como Moro e Doria. “A direita tem o Ciro, Moro, Mandetta, Huck, Doria, qual é o problema? Isso tudo tem um ano e meio para se discutir. Não faz sentido inibir uma pessoa de se apresentar”, comentou Haddad.
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