Nomes da esquerda e da direita resistem a ato unificado contra Bolsonaro no próximo dia 12

O MBL e o movimento Vem Pra Rua convocaram manifestações suprapartidárias contra o presidente Jair Bolsonaro convidando partidos historicamente rivais

O ato unificado, marcado para 12 de setembro, na Avenida Paulista, convocado pelos movimentos de direita MBL (Movimento Brasil Livre) e Vem Pra Rua, está dividindo a opinião de representantes tanto da esquerda como da direita brasileira. As manifestações, organizadas pelos dois movimentos, têm como objetivo unir forças para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com a participação de partidos do centro e de esquerda, além das siglas de direita.

As opiniões contrárias à unificação proposta pelo ato se baseiam no histórico considerado controverso do MBL e do Vem Pra Rua. Ambos os grupos foram participantes ativos das manifestações que resultaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, causando o ressentimento da esquerda que dura até os dias atuais. Os dois movimentos apoiaram a candidatura de Bolsonaro, mas romperam a aliança no início de 2019, endossando movimentos que pedem o impeachment do chefe do Executivo.

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Quem estará nos atos

Dentre os partidos confirmados para participar das manifestações, estão o Novo, o Cidadania, o PSL e o PSDB. O MBL também confirmou a presença nos palanques do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-GO) e do senador Álvaro Dias (Podemos-PR). O PDT, de Ciro Gomes, afirmou em nota que também se juntará ao ato. “É hora de unirmos forças da esquerda à direita pelo impeachment desse presidente tirano e incompetente. Todos aqueles que realmente querem a saída de Bolsonaro precisam estar juntos neste momento”, disse o presidente do PDT São Paulo, Antonio Neto.

O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), uma das lideranças do MBL, também reforçou o convite a partidos de centro-esquerda e esquerda. Segundo ele, todos serão bem-vindos aos movimentos que tem como objetivo “unificar, não segregar". Em nota oficial do MBL, os organizadores pedem que os participantes deixem “suas pautas particulares e suas preferências eleitorais de fora” e que o foco seja no pedido de impeachment de Bolsonaro.

Até agora, são esperadas as participações de políticos como Orlando Silva (PCdoB-SP) e Isa Penna (Psol-SP). Em sua conta no Twitter, a deputada confirmou sua participação e declarou que “é hora de se unir nas ruas contra Bolsonaro”. “Nós, da esquerda, precisamos estar presentes”, enfatizou na publicação.

Quem também confirmou presença através das redes sociais, foi o músico Tico Santa Cruz. “Dia 12 de setembro estarei nas ruas”, afirmou. “Não represento partido, não represento político, represento minha autonomia política que tem lado bem definido”, disse na postagem.

O ato não deve contar com a participação do PT, mas as bancadas do partido na Câmara dos Deputados e no Senado se reuniram, na quarta-feira (08), para discutir um ato unificado futuro e concordaram com a organização de uma manifestação nacional em defesa do impeachment de Jair Bolsonaro.

Ainda na quarta-feira (08), representantes de nove partidos (PT, PDT, PSB, PSOL, PC do B, PV, Solidariedade, Rede e Cidadania) também participaram de uma reunião, onde ficou acordado organizar duas manifestações amplas contra Bolsonaro, que devem acontecer em outubro e em novembro.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se manifestou no twitter e frisou “enquanto construímos esta grande manifestação de unidade pela democracia, pelo Brasil e pelos direitos do povo, incentivamos todos os atos que forem realizados em defesa do impeachment”, escreveu. A união de partidos de oposição histórica, no entanto, está dividindo opiniões de esquerdistas e de representantes da direita.

Manifestações contra e a favor

O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), via Twitter, demonstrou sua oposição a unificação de direita e esquerda nos atos de 12 de setembro. “Primeiro 'Nem Lula, Nem Bolsonaro'. Agora virou só 'Fora Bolsonaro'. Para quem defende 3ª via, o dia 12 está mais para 'Volta Lula'”, escreveu, pedindo a saída do Partido Novo das manifestações. “Declare o fim do apoio a um ato que agora abraçará corruptos, petistas e comunistas”, conclui.

Políticos e movimentos de esquerda também manifestaram críticas à unificação dos rivais históricos. Uma das entidades que não irá participar é a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A CUT emitiu nota para informar que "não convocará e não faz parte da organização de nenhuma manifestação" no dia 12 de setembro. Quem também expôs opinião contrária à união de esquerda e direita nos atos, foi o político esquerdista, Jean Wyllys (PT). Ele se manifestou no Twitter dizendo acreditar que partidos de esquerda, “blogs de esquerda e democráticos e artistas sejam capazes de fazer uma manifestação que não dependa em nada do MBL”.

A escritora Marcia Tiburi, que foi candidata ao governo do Rio pelo PT nas eleições de 2018, e mora fora do País, depois de ameaças de membros do MBL, também se mostrou contra a união nos atos. Ela escreveu nas suas redes sociais: “MBL é um movimento de agitadores fascistas, uma marca do mercado do ódio essencial no golpe de 2016. Eles se construíram criando fake news e perseguindo pessoas”, ressaltou, lembrando sua saída do Brasil causada pelo grupo. “Hoje tentam reposicionar a marca usando a esquerda ingênua”.

Outro que se manifestou contrário aos protestos convocados pelos grupos MBL e Vem Pra Rua, foi o jornalista e idealizador do Mídia Ninja, Bruno Torturra. Em uma série de posts, Torturra comentou seu repúdio ao MBL, afirmando que o grupo “não é um partido, nem uma organização da 'direita democrática'. É uma startup de picaretas ambiciosos”. Segundo o jornalista, que já cobriu de perto manifestações organizadas pelo movimento, está fora de cogitação a participação nos atos de 12 de setembro. “Eu nunca vou atender o chamado desses farsantes que só não estão dando um golpe porque ainda não conseguem”, encerrou.

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