Quem é Zé Trovão, caminhoneiro que mobilizou atos de 7 de setembro

Foragido pelo sexto dia, Zé Trovão foi localizado no México e gravou um vídeo para apoiadores na tarde desta quinta-feira, 9, afirmando que irá se entregar à polícia

17:12 | Set. 09, 2021

Zé Trovão, caminhoneiro (foto: Reprodução/redes sociais )

O caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé do Trovão, ganhou o noticiário na última semana como ator importante na mobilização de atos antidemocráticos do 7 de setembro, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Investigado por incitar manifestações de caráter golpista, o caminhoneiro teve mandado de prisão solicitado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinado pelo ministro STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na última sexta-feira, 3 de setembro.

Foragido pelo sexto dia, Zé Trovão foi localizado no México e gravou um vídeo para apoiadores na tarde desta quinta-feira, 9, afirmando que irá se entregar à polícia. “Em alguns momentos eu devo ser preso, não vou mais fugir. Chega”, disse em vídeo postado por ele em um grupo do Telegram. “A embaixada brasileira acabou de entrar em contato com o hotel em que eu estou. Estou indo para o Brasil preso. Preso politicamente por crime de opinião”, afirmou.

Em novo pronunciamento, o caminhoneiro voltou atrás e disse que permanecerá em fuga. A decisão coincide com recuo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que publicou uma nota na tarde desta quinta-feira, 9, defendendo equilíbrio entre os Poderes e o respeito às instituições.

"Estou mais uma vez fugido. Não vou me entregar, não querem que me entregue. Não vou me entregar. Estou lutando com vocês. Vamos para cima, vamos entupir Brasília, minha gente. Entrem em Brasília agora todo mundo. Cadê o povo de Brasília para entupir Brasília e ir para a frente do Senado Federal? Precisamos cobrar uma atitude de Rodrigo Pacheco. Está na hora", declarou.

Zé Trovão é acusado de organizar manifestações violentas contra o Congresso Nacional e a Suprema Corte, por meio das redes sociais. Ele ainda descumpriu outras ordens cautelares determinadas anteriormente por Moraes.

Além de foragido, o caminhoneiro ignorou a decisão do Supremo, que o proibia de participar de transmissões ao vivo ou aparecer em redes sociais de terceiros, já que seus perfis estão bloqueadas por determinação do STF. No mesmo dia que teve a prisão decretada, às vésperas do ato do dia 7, Zé Trovão participou de uma live junto a outros apoiadores.

O bolsonarista também é peça fundamental na paralisação de caminhoneiros, que bloqueiam rodovias em protesto. De longe, ele tem orientado os movimentos dos manifestantes e defende que a mobilização continue. Em ordem recente, Zé Trovão convocou a classe para paralisação total nesta quinta. “A partir das seis horas de amanhã, do dia 9 de setembro, todas as bases brasileiras: fechem tudo, não passa mais nada. Somente ambulância, oxigênio e remédio. Acabou, Não passa mais nada”, disse em um vídeo.

A ação veio após Erick Carvalho, representante do advogado de Zé Trovão, não ter sido recebido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para discutir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Ainda na noite de ontem, 8, o presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, fez apelo pelo desbloqueio das vias. Em áudio, que precisou ser confirmado pelo ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura), ante a incredulidade de seus apoiadores, o presidente pediu uma trégua e falou que a paralisação prejudica a economia e os mais pobres.

A postura teve efeito entre os aliados do presidente e culminou na inflexão de Zé Trovão vista hoje. Em vídeo, o caminhoneiro já alertava que só se entregaria, se fosse o caso, depois do feriado de 7 de setembro.

A prisão de Zé Trovão é aguardada com expectativa e marca um novo capítulo, quiçá o fim, das tensões levantadas no feriado da Independência.