Com baixa de filiados, Novo não deve lançar candidato a governador do Ceará em 2022
Partido vive uma crise após perder mais da metade de seus filiados no Brasil desde sua fundaçãoO Partido Novo no Ceará não deve lançar candidato próprio ao Governo do Estado em 2022. A decisão, segundo o advogado e integrante da legenda Rodrigo Marinho, um dos que eram cotados para participar do processo seletivo de pré-candidatos ao Palácio da Abolição, deve-se à carência de membros cearenses filiados.
Segundo Rodrigo, a expectativa da sigla era captar 200 filiados até 31 de maio deste ano, o que não aconteceu. "O Ceará não tinha esses filiados ativos pagantes. Então, por conta disso, digamos que essa possa ter sido a consequência. Diante disso, no próximo ano, não teremos candidatos a governador. É uma posição que eu gostaria de participar, mas isso vai ser o principal impacto das desfiliações", destacou.
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Atualmente, o partido vive uma crise após perder mais da metade de seus filiados no Brasil desde sua fundação. Segundo reportagem do Estadão, foram registradas 35,5 mil desfiliações, um número que já supera o de filiados atuais, 33,8 mil. Só em julho, foram mais de mil desfiliações, recorde neste ano, afirma o jornal.
Critico do presidente Jair Bolsonaro, o candidato a presidente em 2018 pelo partido, João Amoêdo, vem desagradando um grupo antipetista filiado à sigla, que avalia no movimento de oposição ao presidente um fortalecimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A polarização repercutiu no aumento das desfiliações em diretórios de diversas cidades.
Em março de 2021, o partido apresentou novas diretrizes de atuação da legenda e se colocou como oposição ao governo federal. De viés liberal e com foco em pautas econômicas, a legenda fundada em 2011 estreou na Câmara dos Deputados na eleição de 2018. A nova diretriz partidária diz que a legenda posiciona-se como oposição ao Planalto. "Orientação esta que norteará desde já tanto nossas posições institucionais quanto nossas candidaturas para 2022", afirma o documento.
Durante entrevista à rádio O POVO CBN, Amoedo afirmou que Bolsonaro, por seu histórico como parlamentar, "nunca teve capacidade de entrega" e vem atuando de forma a atacar as instituições em prol do "desespero grande para a reeleição" em 2022. Ele também destacou que o ex-presidente Lula (PT) possui maior capacidade de chegar a um eventual segundo turno das eleições de 2022 do que Bolsonaro.
O fenômeno, segundo Rodrigo, "faz parte da discussão partidária de divergência e do crescimento de qualquer partido". "Com relação à polarização do partido, é uma tentativa de colocar quem não concorda com o Amoêdo como sendo bolsonarista. Isso é uma falha e não se coaduna da princípio do partido", afirma.
A queda nos integrantes também foi confirmada pelo presidente estadual do Novo no Ceará, Afonso Rocha. As desfiliações, segundo ele, também acompanham o número de filiações, embora o saldo de pessoas saindo do partido seja maior. Ao longo de um ano, houve uma perda de 50 a 70 filiados, número considerado “relativamente pouco” pelo dirigente.
Uma das complicações, segundo ele, foi o não uso do fundo partidário e fundo eleitoral. “A gente depende muito do trabalho presencial e a falta disso durante a pandemia compromete nosso trabalho. Entrou gente, mas, infelizmente, o saldo hoje não é positivo e eu tenho tentado reverter isso com o início dos eventos presenciais que a gente vai começar neste mês”, afirma Afonso.
Porém, o dirigente confessa que o posicionamento antibolsonarista de Amoêdo tem incomodado uma ala partidária mais governista. "A posição oficial do diretório nacional é contra o atual governo. Isso acaba filtrando os filiados e gera uma onda de desfiliação momentânea”, disse.
Após ficar de fora do processo seletivo para governo do estado, o presidente destaca que ainda tenta mobilizar as tratativas diante da questão. Caso não consiga, também há esforços para "um bom nome" que dispute vaga ao Senado Federal pelo partido.