Datafolha: maioria é contra participação de militar da ativa em atos políticos e cargos no governo

Pesquisa que mostra opinião sobre Forças Armadas ouviu 2.074 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 7 e 8 de julho

Um levantamento divulgado nesta segunda-feira, 12, pelo Instituto Datafolha mostra que 62% dos entrevistados acreditam que militares da ativa não devem participar de atos políticos. Por outro lado, segundo dados publicados pelo jornal Folha de S.Paulo, outros 34% dizem que a participação em manifestações é aceitável, e 4% não souberam opinar.

A pesquisa ouviu 2.074 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para meno. De acordo com o Estatuto dos Militares e o regulamento disciplinar do Exército, é vedada a participação daqueles que estão na ativa em qualquer tipo de manifestação política ou reivindicatória.

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Em maio, o general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi criticado por participar de uma manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro. O comando do Exército, contudo, decidiu não punir o militar pela participação em um evento político. Com isso, foi arquivado o procedimento administrativo que havia sido instaurado para verificar a conduta do general.

O Datafolha questionou os entrevistados sobre a presença de militares em funções da administração pública. Para 58%, os militares não deveriam ocupar esses cargos, enquanto 38% dizem que podem ocupar. Não souberam opinar somam 4%.

Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que a presença de militares em cargos civis mais que dobrou no governo Bolsonaro. Em 2018, eram 2.765 militares em postos civis. No ano passado, esse número chegou a 6.157. Um aumento de 122%.

A pesquisa foi divulgada diante de polêmicas sobre o assunto. Mesmo debaixo de muitas críticas, no dia 1º de julho entrou em vigor um decreto do governo sobre a participação dos militares em cargos civis. O texto transforma em cargos de natureza militar postos que atualmente são ocupados por militares da ativa em órgãos como o Supremo Tribunal Federal (STF) e os tribunais superiores, ministérios da Defesa e de Minas e Energia, Advocacia Geral da União (AGU) e diversas empresas que prestam serviços para as três forças.

Bolsonaro também modificou o estatuto dos militares, autorizando que integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica não tenham que passar para a reserva após dois anos em cargos civis. Logo, passa a ser permitido exercer a função por tempo indeterminado. Parlamentares, entre eles o deputado federal, José Guimarães (PT), tentaram barrar o decreto.

A relação entre os militares e o governo Bolsonaro foi um dos principais temas da última semana, principalmente após a divulgação de nota assinada pelos três comandantes das Forças Armadas divulgada nesta semana, e que causou polêmica por conter tom ameaçador.

O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Junior, comentou, nesta sexta-feira, 9, o envolvimento de militares nas suspeitas de corrupção investigadas pela CPI da Covid-19. Ele afirma que há um incômodo entre os membros das Forças Armadas em relação ao que ele descreve como “tentativa de associação”, mas que, caso as suspeitas sejam comprovadas, não haverá tolerância.

 

 

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