Divulgação do vídeo que pode comprometer Bolsonaro deve ser decidida nesta sexta-feira
No encontro citado por Moro, o presidente reclamou de não ter informações da PF e cobrou mudanças na Polícia Federal para proteger os filhosCelso de Mello deve decidir nesta sexta-feira, 15, sobre a divulgação do vídeo utilizado por Sérgio Moro como prova da tentativa de intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. A reunião interministerial ocorreu no dia 22 de abril. O ex-ministro da Justiça defende a divulgação na íntegra do material. Enquanto a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu que apenas as falas de Bolsonaro fossem divulgadas, mantendo o sigilo dos demais participantes da reunião. As informações são do portal de notícias O Globo.
O interesse do presidente na superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro é um dos principais pontos no inquérito aberto contra Sérgio Moro. De acordo com o ex-titular do Ministério da Justiça, Bolsonaro queria interferir pessoalmente na PF para ter acesso a relatórios da instituição. Um dos primeiro atos do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, foi trocar o diretor da PF no Rio e nomear o delegado Tácio Muzzi.
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Além da AGU, que defende a divulgação somente das falas do presidente, com excessão da “breve referência a eventuais e supostos comportamentos de nações amigas”, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também recomendou que trechos específicos do vídeo sejam divulgados. Para a instituição somente as passagens relacionadas ao inquérito devem ser publicizadas. Segundo Aras, a divulgação completa da gravação serviria de "arsenal de uso político, pré-eleitoral (2022), de instabilidade pública".
Em texto transcrito do vídeo, entregue pela AGU ao Supremo Tribunal Federal na quinta-feira, 14, Bolsonaro reclamou da falta de informações obtidas pela Polícia Federal e anunciou que iria interferir na instituição para proteger os filhos.
“Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forçar Armadas que não têm informações, a ABIN tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparcelamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adiante falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim”, disse Bolsonaro na reunião.
Segundo a reportagem do O Globo, em seguida é feito um comentário sobre “nações amigas”, não transcrito pela AGU. Bolsonaro completa: “Então essa é a preocupação que temos que ter: a questão estratégia. E não estamos tendo. E, me desculpe, o serviço de informação nosso — todos — é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça. Não é extrapolação da minha parte. É uma verdade”, concluiu.
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