Alexandre Ramagem e o ex-chefe da PF no Rio de Janeiro depõem sobre suposta interferência de Bolsonaro na corporação
Ao todo, STF autorizou 10 novos depoimentos marcados para esta semanaAlexandre Ramagem, diretor Brasileira de Inteligência (Abin), e o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, depõem à PF em Brasília nesta segunda-feira, 11. Eles serão ouvidos no inquérito que apura suposta tentativa de interferência de Jair Bolsonaro na corporação.
O ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, também presta depoimento nesta segunda-feira, mas na superintendência da corporação em Curitiba. A audiência deve ser realizada às 10 horas.
As informações são do G1 e TV Globo.
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AssineO inquérito foi aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR), com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro pediu demissão do cargo, no fim de abril. Ele disse ter sido pressionado por Bolsonaro a fazer mudanças na cúpula da Polícia Federal.
Ramagem e Saadi, ambos delegados da Polícia Federal, foram citados por Moro em um depoimento de oito horas prestado no último dia 2, em Curitiba. O mesmo aconteceu com o ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, que será ouvido na manhã desta segunda, também na capital paranaense.
Ao todo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, autorizou a tomada de 10 depoimentos no inquérito. Todos estão marcados para esta semana e são relacionados às afirmações de Moro.
Além de Valeixo, Saadi e Ramagem, serão ouvidos pela Polícia Federal outros três delegados da corporação citados por Moro em depoimento. Todos ocupam ou ocuparam cargos de direção na PF desde o ano passado.
A PGR colherá, ainda, depoimento de três ministros do governo Jair Bolsonaro: Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Braga Netto (Casa Civil). A audiência dos três está marcada para as 15 horas desta terça-feira, 12, no Palácio do Planalto.
Eles foram citados por Moro porque estiveram em uma reunião de governo em que, supostamente, Bolsonaro fez cobranças públicas sobre as trocas na PF. O vídeo dessa reunião foi entregue pelo governo ao STF, e está temporariamente sob sigilo.
A lista também inclui a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Ela deve ser ouvida nesta terça, às 15 horas, na sede da PF em Brasília. Em mensagens apresentadas por Moro aos investigadores como prova – e reveladas pelo Jornal Nacional –, Carla pede que o então ministro permaneça no cargo e promova as mudanças no comando da PF.
Em troca, segundo os diálogos, Moro poderia pleitear uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Em resposta a Carla Zambelli, Moro disse: "Prezada, não estou à venda."
Essas pessoas devem ser ouvidas, segundo o chefe da PGR, sobre "eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do Presidente da República perante o Departamento de Polícia Federal, visando ao provimento de cargos em comissão e a exoneração de seus ocupantes".