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Proporção de deputados federais cearenses pretos ou pardos cresceu 124% em novo mandato

Em relação ao poder executivo municipal no Ceará, 77 de 184 prefeitos (42%) com mandato em curso se denominaram pardos ou pretos; especialista considera que essa forma de classificação do IBGE está desatualizada
11:26 | Nov. 13, 2019
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O número de deputados cearenses pardos ou pretos teve crescimento de 124% entre 2014 e 2018, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 22 parlamentares que têm mandato em exercício atualmente, há 11 brancos, nove pardos e nenhum preto. Entre os estados do Nordeste, o Ceará ocupa a quarta posição no ranking de unidades federativas mais desiguais.

O deputado federal cearense Roberto Monteiro (PDT), que se autodeclara pardo, avalia que o preconceito racial é um “mal” que a sociedade vem vencendo. “Vemos cada vez mais pessoas se identificando com sua raça e se orgulhando dela, buscando representantes com os mesmos ideais. Temos muito a melhorar nesse sentido ainda, mas estamos no caminho certo”, ressaltou.

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“Eu avalio que nosso país é muito diversificado em relação à raça e cor, e a Câmara Federal, como representante da sociedade e portanto espelho da mesma, deve ter como parte do parlamento integrantes das mais diversas raças e cores”, afirmou o deputado.

Em relação ao poder executivo municipal no Ceará, 77 de 184 prefeitos (42%) com mandato em curso se denominaram pardos ou pretos quando registraram sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O último ano de eleições municipais, em 2016, foi o primeiro em que o órgão solicitou que esses candidatos declarassem sua cor/raça. Nacionalmente, esse número equivale a 29% dos gestores executivos municipais.

Para Zelma Madeira, titular da Coordenadoria de Políticas Públicas de Igualdade Racial do Estado do Ceará (Ceppir), além de pensar em formas de discriminação positiva, como as cotas raciais, os partidos políticos devem se preocupar em trazer uma reflexão sobre o tema para o centro do debate. “O grande nó que nós temos dentro da sociedade brasileira é debater a questão racial, isso está sendo negligenciado por partidos tanto de esquerda como de direita”, pontua.

A pesquisadora ainda considera que essas estatísticas, apesar de positivas, podem passar uma impressão enganosa. Ela explica que em boa parte dos casos, as pessoas que se declaram pardas não se consideram negras, o que se trata de uma negação equivocada.

“Essa classificação do IBGE (pardos e pretos) é muito antiga, nós já pedimos para que fosse colocada uma opção negros ou afrodescentes. A questão do pardo no Ceará é na verdade quem se diz moreno, chocolate, misturado, entre outros termos que não se afirmam como negros. Isso é algo muito comum em um Estado que nega a existência de negros”, argumentou.

A especialista, que também é professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), diz que quando a instituição foi adotar o sistema de cotas foram feitas duas perguntas: a primeira questionava o estudante sobre a classificação de preto ou pardo, assim como no IBGE, e a segunda se o candidato se considerava negro. Cerca de 65% dos candidatos que responderam a primeira questão positivamente não se consideraram negros.

“Eu insisto em fazer essa diferenciação porque alguns pontos, como o desemprego e o encarceramento, são mais críticos para a população negra e nós precisamos ter esse poder de decisão no parlamento, nós precisamos ocupar esse espaço”, concluiu.

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