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"Segurança global é a mais instável desde o colapso da URSS"

10:04 | 16/02/2018
Parceiros na Otan, tropas americanas (foto) e turcas podem entrar em perigoso choque na SíriaChefe da Conferência de Segurança de Munique, Wolfgang Ischinger, adverte sobre crescente instabilidade mundial em entrevista à DW. Conflito na Síria, com seus muitos atores poderosos, é o mais preocupante.Cerca de 500 políticos e especialistas se encontram na Alemanha para a Conferência de Segurança de Munique 2018, que começa nesta sexta-feira (16/02) e vai até domingo. Entre eles, 20 chefes de Estado e de governo, além de dezenas de ministros. Em debate estão temas como política externa, questões de defesa e crises internacionais – todos assuntos como uma necessidade urgente de discussão, segundo o chefe da conferência, Wolfgang Ischinger. Leia também: Ascensão da China deixa Europa em encruzilhada geopolítica "Estou preocupado", disse Ischinger em entrevista exclusiva à DW antes da abertura da conferência. "Acho que a situação de segurança global é a mais instável desde o colapso da União Soviética." A comunidade internacional carece atualmente de um componente importante, segundo ele. "Um elemento-chave para a estabilidade global, paz e segurança é a confiança mútua", explicou. "Quando falta confiança, as pessoas não conversam mais e não acreditam mais naquilo que seus interlocutores lhes dizem." De acordo com o especialista em segurança, esta tem sido a natureza da relação entre os Estados Unidos e a Rússia há bastante tempo. "É muito questionável", disse Ischinger. Quanto mais tempo os dois lados passarem sem constante troca, os riscos de erros de avaliação e mal-entendidos tendem a crescer. Conflito na Síria afeta comunidade de Otan Acima de tudo, o conflito na Síria segue como fato preocupante, segundo Ischinger, especialmente porque tantos atores poderosos estão envolvidos. "Devemos ponderar, em particular, que esta é uma situação extremamente incomum, na qual um membro da Otan parece estar organizando um confronto militar com outro membro", afirmou Ischinger à DW. Ele diz ser difícil de imaginar o que aconteceria no caso de choque entre tropas turcas e americanas na região. Mas não se pode identificar os riscos globais de segurança com uma única ameaça. "Há várias", garantiu Ischinger. A instabilidade no Oriente Médio e os riscos de um conflito internacional são um exemplo, o problema nuclear com a Coreia do Norte é outro. "Isso também não vai mudar apenas porque agora recebemos belas fotos dos Jogos Olímpicos de Inverno." Como o Ocidente deve se comportar perante Moscou? Ainda não está claro como os países ocidentais deveriam agir em relação à Rússia no que tange o conflito com a Ucrânia e a anexação da Crimeia. "E todos os dias morrem pessoas nesses conflitos", apontou Ischinger. Por isso, a Conferência de Segurança de Munique é importante para que se tenha a oportunidade de debater essas questões. "Espero que os russos estejam conversando com os americanos, e que [o primeiro-ministro de Israel, Benjamin] Netanyahu se encontre com atores locais de quem ele talvez não goste, mas com os quais ele deveria dialogar. Espero também que eles dialoguem com ele", disse Ischinger. O desejo do especialista em segurança é que haja um debate entre Arábia Saudita e o Irã, seguido de perto por um diálogo entre Irã e Israel. "Mas isso é apenas esperança, não uma expectativa concreta", disse Ischinger. E o que ele espera de seu evento? "Não espero que a Conferência de Segurança de Munique seja o lugar onde, milagrosamente, tudo se torna melhor". Mas, que ao menos haja um diálogo entre os participantes. PV/dw/ots _______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App

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