PUBLICIDADE
Notícias

Morre escritor Carlos Heitor Cony

10:46 | 06/01/2018
Cony na Feira do Livro de Frankfurt em 2013Membro da Academia Brasileira de Letras sofreu falência múltipla dos órgãos aos 91 anos. Ao longo da carreira de romancista e jornalista, ele acumulou uma série de prêmios, incluindo três Jabutis.O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony morreu na noite desta sexta-feira (05/01) aos 91 anos, noticiou a imprensa brasileira neste sábado, após confirmação da Academia Brasileira de Letras (ABL). Cony estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, e morreu após falência múltipla dos órgãos. Nascido no Rio de Janeiro em 1926, ele publicou seu primeiro romance, O ventre, na década de 1950, quando também iniciou a carreira de jornalista. Cony escreveu para o Jornal do Brasil e o Correio da Manhã, e foi preso várias vezes durante a ditadura militar. Atualmente, o carioca era cronista da Folha de S. Paulo e comentarista da rádio CBN. Leia também: "A letra foi minha salvação", diz Cony Em entrevista à DW Brasil durante a Feira do Livro de Frankfurt de 2013, que teve o Brasil como país homenageado, Cony contou detalhes de sua trajetória jornalística e da motivação para a literatura, iniciada na infância. "Sinto-me mais à vontade como escritor. Sou jornalista por acaso", disse. Cony revelou na entrevista que a motivação para a literatura surgiu devido a um defeito de nascença na fala. Ele era mudo e só começou a falar aos dez anos, com dificuldade. "Peguei um caderno e comecei a escrever as palavras que dizia errado. E descobri que ali estava meu futuro: a letra. Passei a me comunicar com as pessoas por bilhetes. A letra foi a minha salvação", disse. Ele contou ainda que recusou o convite para entrar na ABL diversas vezes até finalmente aceitá-la em 2000, aos 74 anos de idade. "Em 1964, houve um movimento no setor da cultura nacional para eu entrar, porque iriam convidar o presidente da República, o marechal Castello Branco, para ser da academia. Eu seria uma candidatura de protesto. Mas não aceitei, porque protestava contra ele como deveria protestar: através do jornal", contou. "Recusei o convite muitas outras vezes por acreditar que literatura é uma coisa, e política é outra." Cony acumulou diversos prêmios em sua carreira literária, incluindo três Jabutis e o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra (1996). Os romances Quase Memória e A Casa do Poeta Trágico ganharam o Prêmio Livro do Ano em 1996 e 1997, conferido pela Câmara Brasileira do Livro. LPF/ots/dw _______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App

DW Brasil

TAGS