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Patriarca inaugura igreja financiada pelo Kremlin em Paris

15:45 | 04/12/2016
Templo perto da Torre Eiffel é visto como lance político e religioso para demarcar a influência da Rússia no coração da França. Construção da catedral ortodoxa recebeu o apoio de Vladimir Putin.O patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Cirilo 1°, consagrou neste domingo (04/12) uma nova igreja localizada a poucos passos da Torre Eiffel, considerada um projeto controverso na capital francesa. Para alguns observadores, a construção faria parte dos esforços do presidente russo, Vladimir Putin, de aumentar a sua influência na Europa. Cirilo, um aliado de Putin, abençoou a Igreja da Santíssima Trindade localizada na margem esquerda do rio Sena, na presença de membros da grande comunidade ortodoxa francesa. A igreja possui uma cúpula revestida de ouro, rodeada por quatro cúpulas menores também douradas, como parte do centro cultural, educacional e religioso financiado pelo Kremlin num montante avaliado entre 100 milhões e 170 milhões de euros (por volta de 355 milhões a 600 milhões de reais). O projeto recebeu o apoio do presidente russo, Vladimir Putin. Em 2008, o governo russo comprou o terreno por aproximadamente 70 milhões de euros e teve que fazer bastante lobby para que o projeto fosse aceito ao enfrentar a resistência da burocracia francesa. Entre os contrários à construção estavam autoridades de segurança da França, que alertaram para a sua proximidade a vários edifícios governamentais, incluindo o Ministério do Exterior, proporcionando risco de espionagem. A construção é vista como um sinal de assertividade e projeção de poder da Rússia no coração da Europa. A inauguração acontece num momento de tensões entre a Rússia e o Ocidente sobre diferenças na Ucrânia e Síria. Destacando essas tensões, Putin cancelou uma viagem para inaugurar a igreja em outubro último, depois que o presidente François Hollande disse que só se encontraria com o colega de pasta para discutir sobre a Síria. Por outro lado, a igreja também abre num momento em que há um surgimento do populismo na Europa, uma política mais em linha com Putin e com o tradicionalismo da Igreja Ortodoxa. Diversos líderes políticos europeus, incluindo dois fortes candidatos à eleição presidencial francesa, o conservador François Fillon e a populista de direita Marine Le Pen, defendem uma maior cooperação com a Rússia e um fim das sanções devido ao conflito na Ucrânia. Existem outras igrejas ortodoxas russas em Paris, mas com exceção de uma só, todas as outras são ligadas ao rival Patriarcado Ecumênico em Istambul, uma situação que a Rússia tenta reverter agora. Essa divisão remonta à Revolução Comunista de 1917, quando milhares de russos foram exilados na França. CA/ap/kna/ots/dw
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