Irã considera 'injustificável' seguir negociações nucleares com os EUA

Irã considera 'injustificável' seguir negociações nucleares com os EUA

O país dos aiatolás tinha mais uma redada de negociações com o governo Trump neste domingo, 15

O governo do Irã declarou oficialmente que considera "injustificável" continuar qualquer tipo de negociação nuclear com os Estados Unidos, diante do que chamou de "pressão máxima" e hostilidade crescente. A nota publicada pela missão diplomática do País na ONU sustenta que Washington não tem credibilidade.

Desde a saída dos EUA do acordo nuclear em 2018, o Irã e o os americanos não conseguiram chegar a um novo consenso. As sanções não foram retiradas e o país enfrenta bloqueios financeiros e diplomáticos, que afetam fortemente sua economia e estabilidade política interna.

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A decisão também reflete uma mudança na estratégia do regime. Enquanto antes Teerã buscava negociar em troca de alívio econômico, agora a prioridade parece ser preservar seu programa atômico como cartada de pressão geopolítica.

Segundo a AIEA, o Irã já enriquece urânio a níveis superiores a 60%, cada vez mais próximos dos 90% exigidos para uso militar. Apesar de negar oficialmente qualquer intenção de produzir bombas, os sinais são claros de que a capacidade técnica está à mão.

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O líder supremo Ali Khamenei, embora tenha reiterado que as armas nucleares são contra os princípios islâmicos, afirmou em discurso recente que "se decidirmos produzi-las, os EUA não conseguirão nos impedir". A ambiguidade é estratégica.

A posição iraniana também foi endossada pelo chanceler interino Ali Bagheri Kani, que destacou a hipocrisia ocidental: "Enquanto Israel tem arsenal nuclear, nos acusam por termos apenas um programa civil".

Teerã insiste que qualquer retorno a um acordo só ocorrerá se houver garantias de que não serão reimpostas sanções unilaterais. Exigem que os EUA se comprometam legalmente com o pacto, o que é politicamente inviável em Washington.

Com isso, o diálogo entra em impasse. A Europa tenta atuar como mediadora, mas perdeu força após os recentes bombardeios e a posição mais dura adotada por Teerã. A diplomacia internacional não consegue avançar.

A cada novo avanço no enriquecimento, o tempo diplomático se reduz. O Irã pode, em poucos meses, se tornar uma "potência do limiar" nuclear, ou seja, ter toda a capacidade para produzir ogivas em semanas.

Washington estuda novas sanções e pressões indiretas, como o apoio às manifestações internas no Irã. Mas essa estratégia pode ter efeito reverso, unindo o regime em torno de uma narrativa anti-imperialista.

O cenário mais temido é que o Irã use a retórica atual como cobertura para um breakout nuclear silencioso. Sem inspeções da AIEA, não há como confirmar a intenção real do regime.

O risco é que, diante da pressão, o Irã abandone qualquer cautela diplomática. Isso poderia desencadear reações militares de Israel, que tem como doutrina impedir pela força que o país obtenha armas nucleares.

Num contexto de guerra indireta e retórica inflamada, a diplomacia pode se tornar apenas um jogo de cena. E nesse palco, qualquer erro de cálculo pode ser fatal para a paz regional e global.

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