Exército israelense fecha escritório da Al Jazeera em Ramallah na Cisjordânia
A ação foi realizada na noite de sábado e transmitida ao vivo pela emissora
A emissora de televisão catariana Al Jazeera mostrou ao vivo neste sábado, 21, à noite, quando tropas de Israel invadiram seu escritório e ordenaram o fechamento da emissora no país. A rede de TV é a maior emissora do mundo em língua árabe e é financiada pelo governo do Catar.
As imagens que foram transmitidas ao vivo mostraram homens do exército invadindo a sede da emissora e entregando uma ordem militar de fechamento por 45 dias, pouco antes da transmissão ser interrompida.
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De acordo com informações da emissora, os soldados confiscaram documentos, equipamentos e bens do escritório. Bem como estão impedindo os jornalistas de divulgar as informações do fechamento. Os colaboradores da rede foram obrigados a deixar o local.
Apesar de juridicamente e segundo o direito internacional a Cisjordânia não fazer parte do território israelense, a área se encontra em boa parte colonizada por judeus. A cidade onde o escritório se encontrava tem jurisdição da Autoridade Nacional Palestina, mas a segurança é feita por forças israelenses.
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Esse é mais um capítulo na disputa entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e a emissora catariana, sendo a segunda ação dessa natureza realizada por forças do governo desde a eclosão da guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza.
A rede já foi acusada por Netanyahu de ter participado dos ataques de 7 de outubro de 2023. A emissora negou tais acusações.
O Sindicato dos Jornalistas Palestinos se manifestou sobre o caso condenando a incursão na sede da emissora. "Essa decisão militar arbitrária é uma nova agressão contra o trabalho jornalístico e os meios de comunicação", disse o comunicado.
A polícia de Israel já havia fechado a sede de transmissão da emissora que fica em Jerusalém oriental, em maio deste ano, quando, na ocasião, confiscou equipamentos, impedindo as transmissões no país e bloqueando o site de notícias. Até então Israel nunca havia fechado a operação de uma emissora estrangeira no país.
Essa ação marcou mais uma das críticas internas de opositores a Netanyahu, que o acusam de viés autoritário, por também tentar impor uma reforma no poder judiciário do país. Em abril deste ano o congresso israelense aprovou uma lei que permite ao governo fechar emissoras estrangeiras de forma temporária caso estas sejam consideradas uma ameaça à segurança do país.
Após o fechamento de maio a rede de TV continuou a operar a partir da Cisjordânia ocupada, um dos territórios palestinos sob controle de Israel, além da faixa de Gaza.
Histórico da disputa
Apesar da postura do governo israelense, a emissora catariana vem cobrindo a guerra em Gaza de forma contínua. Frequentemente a emissora tem publicado vídeos na íntegra que trazem informações de combatentes do Hamas e outros grupos terroristas. O conflito iniciado após um ataque terrorista do Hamas que vitimou cerca de 1200 israelenses, e sequestrou outros 250, já deixou mais de 41.000 palestinos mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Netanyahu então tem acusado a emissora de “prejudicar” a segurança de Israel e incitar seus militares. Tais afirmações foram negadas com veemência pela emissora, que já teve jornalistas feridos e mortos por causa dos combates em Gaza.
É importante lembrar que como foi dito no início da matéria, a Al Jazeera é financiada pelo governo do Catar, um dos principais mediadores entre Israel e o Hamas.
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